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Macron lamenta comentários desrespeitosos de Bolsonaro contra sua mulher
O presidente francês, Emmanuel Macron, lamentou hoje os comentários “extraordinariamente desrespeitosos” de seu homólogo brasileiro Jair Bolsonaro contra a sua mulher, Brigitte Macron, dizendo estar “triste por ele e pelos brasileiros”.
Jair Bolsonaro fez “comentários extraordinariamente desrespeitosos sobre minha esposa”, disse ele à margem da reunião do G7, em Biarritz.
“O que posso dizer para você? É triste, é triste, mas é triste para ele e para os brasileiros “, acrescentou Macron, acrescentando que esperava “muito rapidamente que os brasileiros tenham um presidente que se comporte à altura”.
No final de semana, Jair Bolsonaro apoiou uma publicação ofensiva contra a mulher de Mácron, na sua página na rede social Facebook, que consistia numa montagem com fotos dos dois em que seus seguidores afirmaram que o Presidente francês tinha inveja do brasileiro porque ele tinha uma esposa mais jovem.
Brigitte Macron tem 66 anos, 24 a mais que do que Emmanuel Macron, que tem 42 anos. Já Michelle Bolsonaro, esposa do presidente brasileiro tem 37 anos e é 27 anos mais jovem do que seu marido, que tem 64 anos.
As desavenças entre o governo francês e o Brasil se acentuaram nas últimas semanas quando o ministro dos Negócios Estrangeiros da França esteve no Brasil e o Presidente brasileiro se recusou a recebê-lo, alegando que tinha compromissos, mas apareceu pouco depois da hora marcada cortando o cabelo numa transmissão no Facebook.
Depois disso, o aumento das queimadas na Amazónia, maior floresta do Brasil, motivou declarações públicas do chefe de Estado da França que colocou em causa a assinatura do tratado de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul.
A crise ambiental agudizou-se de tal forma que ameaça o acordo comercial UE-Mercosul(Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), assinado em 28 de junho, após 20 anos de negociações.
O pacto abrange um universo de 740 milhões de consumidores, que representam um quarto da riqueza mundial.
O Presidente francês acusou na semana passada Jair Bolsonaro de ter mentido sobre os seus compromissos com o meio ambiente, anunciando que Paris, nessas condições, se opõe ao tratado.
Em resposta a este comentário, Jair Bolsonaro disse que lamentava ter sido chamado de mentiroso pelo Presidente francês e disse estar aberto ao diálogo.
Numa declaração exibida nas cadeias de rádio e de televisão, também na sexta-feira, o chefe de Estado brasileiro afirmou que as queimadas na Amazónia não justificariam sanções comerciais ao Brasil.
O número de incêndios no Brasil aumentou 83% este ano, em comparação com o período homólogo de 2018, com 72.953 focos registados até 19 de agosto, sendo a Amazónia a região mais afetada.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.
Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro anunciou que a desflorestação da Amazónia aumentou 278% em julho, em relação ao mesmo mês de 2018.