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Liderança de Samakuva: Planos, estratégias, caminhos e fins

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Nesta nossa estreia aqui no espaço Editorial do Correio da Kianda, – agora o nosso correio – obrigamo-nos a tecer alguns comentários sobre a decisão do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA realizada em Luanda, na parte final de 2017, que determinou a continuidade de Isaías Samakuva na liderança do segundo maior Partido Político em Angola.

Fazemos isto momentos após uma apreciação sumária, numa outra plataforma de inteiração social, o “facebook”, mas, entendemos detalhar aqui e agora, por considerarmos o assunto de maior importância para a vida, em primeira instância, dos cidadãos angolanos e em segunda dos cidadãos militantes da UNITA.

Esta importância que atribuímos ao Partido UNITA resulta, porém, do axioma constitucional, do qual “os Partidos políticos devem concorrer para a consolidação da democracia, o reforço da unidade nacional e a protecção das liberdades fundamentais e dos direitos da pessoa humana. Artº/17º alíneas c), d) e e).

Porém, do axioma depreendemos que quanto mais coesos, compactos, organizados e democráticos os partidos forem melhores contributos oferecem à concretização das suas finalidades, nos termos constitucionais.

Logo, o caso da sucessão de Isaías Samakuva é de suma importância e, por isso, carecer de reflexões mais profundas, pois, partidos políticos organizados e democráticos originam sociedades organizadas e democráticas, mesmo nos casos em que estes não estejam no poder.

Mas, falemos, então, da liderança de Samakuva, os seus planos, as suas estratégias e os caminhos que vai trilhar, bem como, os fins que pretende atingir. Claro, tudo dentro da decisão tomada pelo comité Permanente.

Isaías Samakuva dissera, em Maio de 2016, há 16 meses das eleições gerais de 2017 que independentemente dos resultados eleitorais abandonaria a liderança do Galo Negro.

Em entrevista ao extinto jornal electrónico, Rede Angola, Samakuva afirmara, e citamos: – ganhe ou perca este é o meu último mandato. Aliás, não vou completar o mandato. O mandato no nosso Partido é de quatro anos e eu já disse logo depois do congresso que eu vou até 2017, até às eleições. Se passar, naturalmente deixo o partido para assumir como Presidente da República, se a UNITA não passar, deixo o cargo de presidente da UNITA para desempenhar outras funções – concluía o dirigente partidário!

No entanto, um ano e meio depois, Samakuva decide ficar sob capa de um comité permanente, que ele mesmo e propositadamente tornou num “club de amigos, familiares e afins” com fim diverso do original. Mas, terá mentido ou não quando, em maio de 2016, anunciou a sua retirada?

Respondendo, diríamos: sim! Mentiu porquanto o anúncio nunca foi feito com verdade, pois vejamos: nos dois últimos congressos, Isaías Samakuva introduziu alterações substanciais em termos da composição quer do comité permanente quer da comissão política enquanto órgãos de decisão no partido.

O comité permanente passou de 14 membros, deixados pelo presidente fundador, para 60 e a comissão política de 100 para 300. As alterações, consideráveis, banalizaram, grandemente, aqueles órgãos que no entender de Jonas Savimbi deveriam ser compostos por membros de idoneidade e competência comprovadas.

No entretanto, a sua banalização não foi acidental, aliás, enquadra-se na estratégia de Samakuva em afastar quadros históricos competentes, presidenciáveis e com isso, capazes de contrapor esta ou aquela decisão do líder. Introduziu, nestes organismos membros militantes de competência e idoneidade que internamente suscitam dúvidas.

Mas, fê-lo com objectivo único de ter ao lado das suas decisões individualidade “manietáveis”, manipuláveis com facilidade e que tenham como missão única defender a posição do líder como forma de reconhecer a ascensão que, em condições normais, nunca teriam beneficiado no seio da organização.

No último congresso e nas vésperas das eleições Samakuva reforçou esta estratégia ao incluir nestes dois organismos e na lista de candidatos a Deputados pessoas que só ele reconhece competência, por exemplo. Introduziu sob capa de rejuvenescimento, jovens politicamente verdes em lugares e cargos cuja responsabilidade transcende as suas competências, habilidade e atitudes. Mas, tal não ocorreu, e mais uma vez, acidentalmente. Fê-lo, porque tinha a consciência de que em Dezembro de 2017 a sua saída seria motivo de discussão interna. E, para tal, seriam os membros do comité permanente e da comissão política que iriam decidir.

Assim, estando todos estes, e como se diz na gíria, – com o “rabo preso na seringa”, – receberia à altas horas da noite orientação daquele para a decisão a tomar e de seguida esta seria aclamada por todos como se fossem aqueles organismos superiores a decidirem e não o presidente propriamente dito.

Em fim, a liderança de Isaías Samakuva, para os mais atentos, nunca, pelo menos até aqui, dependeu dos dois órgãos superiores do Galo Negro, dependeu, sim, da sua própria estratégia, dos caminhos que escolhe para o manter e dos fins que, pessoalmente, pretendeu atingi.

Dito isto, concluímos que afirmar que os membros decidiram a sua continuidade afrente dos destinos da UNITA é um discurso de baixo nível e que não mais convence a ninguém, pelo menos aos jovens interessados no axioma constitucional acima referido sobre a importância dos Partidos Políticos na consolidação da democracia, defesa dos direitos fundamentais dos cidadãos e na melhoria da gestão da coisa pública em que todos devem concorrer mas que, antes disso, devem apresentar um organograma coeso, eficiente e eficaz.

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