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Liderança da JURA: Uma luta por um produto depreciado

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A JURA, Juventude Unida Revolucionária de Angola, braço juvenil do Galo Negro, (entendam, UNITA), é uma organização partidária que, para todos os efeitos, incluindo este, comporta, por si só, um interesse público inquestionável e, por isso, susceptível de um “alvoroço” aqui e acolá, pelo que longe da indiferença entendemos nos juntar ao balcão afim de fazer sentir a nossa convicção.

Ora, vejamos:
O congresso da JURA já foi marcado e, lamentavelmente, antes disso mereceu duras críticas por parte dos que apreciam estas matérias por causa da morosidade na sua marcação. – sobre isso, pouco ou quase nada temos por acrescer.
Temos é, – isso sim, – de olhar para o que se diz e entendemos a respeito: a opinião pública nacional predominantemente, entende que a JURA não merece tamanho desrespeito que vemos hoje. Ou seja, não merece posturas fatais que os seus responsáveis e sonhadores responsáveis lhe atribuem hoje. (aqui estamos a falar dos actuais líderes e dos concorrentes a sua liderança que sobre os quais falaremos já a seguir).

Dos factos, podemos depreender que, a opinião pública, hoje, não reconhece empenho algum da JURA susceptível de um empolgamento da juventude – pela positiva – a volta do conclave, como ocorreu, por exemplo, aquando das candidaturas de, Adriano Sapinhãla e Nfuca Muzemba, bem como a ascensão acidental de Navita Ngolo, uma política cuja finuria na actuação é de tirar o chapéu.

Da nossa análise:
Dois ângulos de abordagem são chamados neste “item”, nomeadamente: (1º) o histórico da organização, pelo menos destes últimos dez anos. Um histórico sombrio, de esquecimento obrigatório, já que Ali Mango, actual responsável da JURA, não trouxe nem acrescentou nada de novo ao movimento. Antes pelo contrário, contribuiu, consideravelmente, na depreciação da imagem e no bom nome daquela organização juvenil!

Aliás, é unanime afirmar-se, no seio de quem segue estas matérias que, Mango tem de ser apontado como um dos piores males que a JURA já conheceu desde os tempos do “tio Jonas” (como diriam os maninhos) porquanto nos seus dois mandatos a JURA deixou de existir, literalmente, se atendermos a um passado recente que antecedeu a sua eleição!

Um histórico que transformou o responsável da organização juvenil, Ali Mango, sob consentimento e beneplácito, de Isaías Samakuva, num autêntico Pitter Clever, nome de infância do autor do filme “O Guarda-costas” – que tinha por missão, levar o Presidente até à Casa Branca, mesmo dentro daquele sequestro e golpe de Estado arquitetados por um responsável da secreta norte-americana, próximo ao vice-presidente…

Ali Mango, limitou-se, modéstia à parte, a cuidar da segurança, do bem-estar e da manutenção de Samakuva afrente do “galinheiro”, (muito bem que teria pedido à UPIP o seu enquadramento nas fileiras dos “magalas diplomáticos”), já que, esta postura interessava ao sucessor do “tio Jonas” que demonstra (va) vontade de permanecer no cargo!

Por outro lado (2º) a JURA, enquanto organização de massa, carece, sempre, de um líder com carisma, valências políticas inquestionáveis, capacidade de criação comprovada, saber fazer politicamente recomendável e uma postura e compostura capazes de ser exemplos à massa que dirige.

Neste sentido, o conclave em voga – em curso – peca por apresentar, na sua soma total, candidatos cujas performances políticas depreciaram-se logo a sua invenção, pois, todos eles tiveram oportunidades para as demonstrar mas, infelizmente, não o fizeram porque, em primeiro lugar o sangue não jorra faro e carisma políticos e em segundo lugar o momento da sua invenção este faro e carisma dispensavam-se, porque o mais importante era cantar a música de Samakuva e não mobilizar jovens, por exemplo.

Uma outra perspectiva não menos importante que está na base da ausência do alvoroço positivo a volta do conclave (embora até aqui menos debatido no seio dos apreciadores da ciência política e do exercício da cidadania) tem a ver com a origem étnica dos oito candidatos.

Dito de outro modo, Ali Mango – que, incompreensivelmente, concorre a sua própria sucessão, Agostinho Kamuango (um jovem com quem travo na pura normalidade), Nelito Ekuikui (jovem Deputado que antes desta qualidade parecia de trato fácil, hoje corroído pelo poder), Oseias Chilemba (um “miúdo” lutador, por isso, humilde), Samuel Sabino, António das Dores Miguel, Rafael Mukuta (ilustres desconhecidos, pelo menos da nossa parte) e Elsa Pacato (“menina” linda, com quem partilhamos, por circunstâncias estranhas, microfones, que já teve várias oportunidades, na LIMA e na própria JURA, por causa da sua queda no jornalismo mas que, infelizmente, não demonstrou o faro e carisma políticos acima evocados, pois, ficou, durante muito tempo a cuidar dos comunicados, em muitos casos contendo conteúdos dúbios) são todos, inaceitavelmente, “filhos do Sul de Angola”, (naturais ou originários do Sul) “item” que, para a nossa realidade sociopolítica, antropológica e cultural não pode ser, de forma alguma e em abono da verdade, escamoteada.

Este conclave perde também, desde já, por ignorância desta realidade, pois, a vitória de Nfuca Muzemba, inimaginável na altura, que concorreu com Adriano Sapinhãla, (entre nortenho e sulano) para além de outros condimentos pessoais foi “saborosa”, exactamente, por contemplar isto.

Para terminar, temos que questionar, como está a ocorrer um pouco pelo País, quais são as motivações que estão na base de uma concorrência nunca vista, na história dos congressos da JURA, no que a sua liderança diz respeito?

Para responder esta indagação precisamos reflectir sobre uma única situação: todos os candidatos perceberam, e muito bem, que a liderança da JURA permite entrada directa no Parlamento, independentemente do desempenho político interno durante o ano político em crivo, pelo que, diante das suas incertezas em garantir um lugar no hemiciclo nacional, – para os actuais não Deputados – e manter o seu lugar – para os actuais Deputados – que, como sabemos, não estão lá por desempenho político pessoal demonstrado, mas sim, por manifestamente terem sido fundamentais na manutenção do poder de Samakuva, colocam-se em “sprint” rumo a liderança da mesma organização.

No entanto, não o bem da organização, o seu desempenho e o crescimento do Partido que leva a estes jovens à luta para dirigir o movimento. Lutam, isso, sim, porque querem chegar ao Parlamento, destino de quase todos os jovens que militam nos Partidos Políticos e esquecem que enquanto lutam para a vaga no Parlamento tornam a JURA, no caso, num produto político depreciado, necessitando de uma reinvenção que inclua, nova marca, nova patente e nova estratégia de “marketing”!




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