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Liderança da Catalunha determinada a organizar referendo

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“Temos toda a força do Estado contra nós”, assinalou o independentista Carlos Puigdemont durante uma reunião do seu partido, três semanas antes do referendo de autodeterminação que pretende organizar nesta região do nordeste de Espanha.

“Perante cada vez mais processos judiciais e ameaças, existem cada vez mais voluntários e presidentes de câmara envolvidos” para a votação de 01 de outubro, e “cada vez mais determinação do governo regional”, disse.

Puigdemont exprimia-se um dia após ter sido confrontado com um processo judicial por possível delitos de “desobediência”, “prevaricação” e “má gestão de dinheiros públicos”.

Por sua vez, o presidente do Governo espanhol, o conservador Mariano Rajoy, assegurou hoje que os separatistas catalães estão isolados na União Europeia.

“Não irão integrar-se na Europa”, disse, durante uma reunião do seu Partido Popular (PP, conservador).

Os separatistas catalães “não têm o apoio, mas [suscitam] a rejeição e estupefação”.

A decisão que tomaram “é ilegal e antidemocrática”, acrescentou Rajoy, ao evocar a adoção esta semana de diversas leis regionais destinadas a organizar o referendo e o anúncio da “República catalã”, caso o ‘sim’ vença na consulta.

“Não haverá referendo (…) a minha obrigação é preservar a unidade nacional”, insistiu Rajoy.

Apelou ainda aos seus promotores para “fazerem marcha atrás”. “Evitaríamos males maiores”, assegurou.

O PP é a primeira formação política do país, com 33% dos votos nas legislativas de 2016. No entanto, na Catalunha, apenas garantiu 13% dos votos.

Os separatistas acusam-no de terem imposto “anos de humilhação” à região, designadamente após o PP ter obtido do Tribunal Constitucional, em 2010, uma redução das largas competências atribuídas à Catalunha pelo parlamento espanhol.

O Tribunal, que declarou inconstitucional qualquer referendo de autodeterminação de uma região, suspendeu esta semana os textos adotados pelo parlamento catalão para organizar a consulta.

Hoje, guardas civis promoveram uma busca na sede de um jornal de uma localidade catalã, suspeito de ter impresso boletins de voto. De imediato, manifestantes concentraram-se nesta pequena localidade de Vals, que aderiu à Associação dos Municípios Independentistas (AMI), lançando as palavras de ordem “Votaremos” e “Independência!”, referiu a agência noticiosa France-Presse.

A AMI assegura que “674 câmaras municipais apoiam o referendo”, num total de 948.

No entanto, Barcelona (1,6 milhões de habitantes) recusou indicar se vai disponibilizar locais para o voto e pediu mais esclarecimentos ao governo regional.

Ada Colau, a presidente de esquerda que dirige a câmara municipal da capital catalã, criticou na sexta-feira a “incapacidade ou ausência de vontade” de Rajoy para encontrar “uma solução política para um conflito político”, mas também apelou indiretamente aos separatistas para não “privilegiarem o fim sobre os meios” ao “deixarem de lado metade da Catalunha”.

A coligação de esquerda que Ada Colau integra decidiu hoje que os seus militantes vão ser consultados para decidir sobre se devem “participar na mobilização do 01 de outubro”.

A Catalunha, com 7,5 milhões de habitantes, uma superfície semelhante à da Bélgica e que produz 20% do PIB espanhol, permanece dividida.

À pergunta “Pretende que a Catalunha se torne num Estado independente?”, 41,1% dos catalães consultados responderam ‘sim’ em junho, e 49,9% ‘não’, segundo um centro de estudos de opinião catalão.

Os partidos separatistas têm uma maioria de deputados no parlamento regional da Catalunha desde setembro de 2015, o que lhes deu a força necessária, em 2016, para declararem que iriam organizar este ano um referendo sobre a independência, mesmo sem o acordo de Madrid.

O conflito entre Madrid e a região mais rica de Espanha, com cerca de 7,5 milhões de habitantes, uma dimensão de um terço da área de Portugal, uma língua e culturas próprias, arrasta-se há várias décadas.

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