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Lavrov à procura de sobrevivência russa cimenta relações com golpistas

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Além da guerra da Ucrânia, Luanda mantém divergência com Moscovo em relação ao tipo de relações que se pode ter com tomadores do poder fora do quadro constitucional. A Rússia, disso faz descaso, e o seu chefe da diplomacia iniciou nessa segunda-feira um périplo por África, sendo que o pontapé de saída foi a Guiné Conacri, governada até ao momento pelo responsável do golpe de Estado de 2021.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação russa, Sergei Lavrov, iniciou, nessa segunda-feira, 03, um périplo pelo continente africano, visando evitar o isolamento e mobilizar mais Nações face aos seus interesses globais, bem como discutir vantagens recíprocas com os respectivos Estados.

Entretanto, para diferentes segmentos, dada a importância que a Rússia representou para o fim da Segunda Guerra Mundial, impondo (com os aliados) uma derrota ao então regime Nazi da Alemanha, faz alguma espécie ver os russos darem cobertura a políticos violadores de direitos humanos e golpistas. E este último ponto é um dos elementos que concorrem para o aparente irritante diplomático entre Angola e a Rússia.

Durante a 78.ª Assembleia Geral da ONU, o Presidente João Lourenço chegou a apelar para que a Organização das Nações Unidas não mais permitisse que militares e/ou políticos golpistas tivessem assento naquela que é a maior tribunal política do mundo.

“[Esses golpistas] não devem ser premiados com a possibilidade de partilharem connosco os mesmos palcos políticos, sob pena de estarmos a passar uma mensagem errada, contrária aos princípios que defendemos”, reafirmara João Lourenço, tendo, de lá para cá, mantido distância com os Estados administrados por golpistas.

Em sentido contrário, a Rússia, que a 24 de Fevereiro de 2022 invadira a Ucrânia, uma guerra que perdura até aqui, perfazendo dois anos e meio, vem dando mostras de fazer descaso do sofrimento das populações cujas lideranças sejam fruto de golpes de Estado, tendo em conta que não só tem melhorado a relação diplomática com estes países, mas também no campo militar.

Por exemplo, no périplo de Lavrov à África, o pontapé de saída foi a Guiné Conacri, um país governado por Mamadi Doumbouia, um oficial militar que afastou Alpha Condé do poder, por opção anticonstitucional.

Durante as conversas em Conacri, Lavrov e Kouyate, o ministro das Relações Exteriores guineense, confirmaram a “rejeição da Rússia e da Guiné a uma ordem baseada em regras imposta pelo Ocidente, bem como a práticas coloniais nas relações com Estados soberanos”.

Para diferentes observadores, o regime militar da Guiné Conacri está a seguir o coro russo por ter ciência de que não encontrará apoio ocidental, caso não inicie o processo de transição pacífica, de militares para os civis, como o próprio prometerá em conversações iniciais.

Portanto, o facto de a Rússia não fazer pressão para o respeito dos direitos humanos em muitos países, a torna parceira privilegiada para os governantes africanos ávidos por permanecerem no poder por período ilimitado.

Depois de Conacri, Lavrov, que esteve em Angola em 2023, rumou para o Congo, o país de Denis Sassou Nguesso, o político à frente da Nação desde 1997, sendo que até ao momento perfaz 27 anos.

Depois de Nguesso, Sergei Lavrov seguiu caminho para Burkina Faso. Este país africano está igualmente sob um regime militar, depois do golpe de Estado que o Capitão Ibrahim Traoré impôs à Nação.

Contrariamente ao que prometeu, de que lideraria uma reforma e transição política em poucos meses, optou agora por alargar o consulado para pouco mais de 24 meses.

Em suma, o mundo espera que a Rússia acompanhe o passo de dissuasão contra acções contrárias às Constituições, e sente-se à mesa das negociações visando pôr termo à guerra da Ucrânia.

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