Sociedade
Lavadores de carros no Camama resistem à crise
Centenas de jovens ganham a vida lavando carros nas ruas de Luanda, mas também sofrem com a pandemia da covid-19: há poucos clientes.
A lavagem de carros é uma actividade informal com longo histórico nas ruas da cidade capital, dominado, maioritariamente, por jovens que alegadamente se deparam com obstáculos para conseguir o primeiro emprego.
Nesse local, onde eles lavam as viaturas e denominam por “placa”, dezenas de jovens lançam-se numa frenética “caça aos clientes” na luta pela sobrevivência. É o caso do jovem Pedro António, 26 anos. Por falta de meios financeiros para dar continuidade aos seus estudos, para não ingressar no mundo do crime, decidiu, há sete anos, começar a lavar carros para sustentar a sua família.
Desde o mês de Março, em consequência de muita concorrência e falta de clientes provocado pela pandemia da covid-19 que assola Angola e o mundo, Pedro António viu cair a facturação diária de uma média de oito mil kwanzas para pouco mais que mil kwanzas, valor que só serve para comprar alguns alimentos para a família não passar à fome.
Mateus Francisco, carinhosamente chamado no seio dos colegas lavadores de viaturas por “Maténgo” é outro jovem que ganha a vida com a lavagem de carros. O mesmo nunca estudou por falta de possibilidade dos seus familiares, tem a “placa” como local de “salvação”. Mateus vive lavando carros, desde 2006. Com o que ganha, conseguiu construir uma humilde casa, onde mora com a sua mulher e filhos, mas, nos últimos meses, esta actividade está em queda. Se antes, diariamente, facturava mais de nove mil kwanzas, actualmente leva para casa apenas de dois a três mil kwanzas.
Vários jovens desempregados ganham a vida lavando carros nas ruas de Luanda. De acordo com um dos jovens, que preferiu falar em anonimato, antes da pandemia a lavagem de turismo cobrava Kz 500 e o hiace, vulgo azul e branco 1000 kwanzas. “Actualmente, o preço da lavagem do hiace custa 700 kwanzas e o turismo 300 kwanzas”, lamentam.
Por Nzinga Manuel