África
Kagame não desconfirma presença de tropas do Ruanda na RDC
Em entrevista esta segunda-feira, 03, à CNN, o Presidente do Ruanda, Paul Kagame, que vem sendo acusado pela República Democrática do Congo de apoio ao Movimento 23 de Março, inclusive com tropas, não desconfirmou a presença de contingente militar ruandês no Leste da RDC.
Ao ser questionado se o Ruanda tem actualmente alguma tropa na República Democrática do Congo, Kagame limitou-se a responder com um “eu não sei”.
“Há muitas coisas que eu não sei, mas se você quiser me perguntar se há algum problema na RDC que preocupe o Ruanda e que Ruanda faria qualquer coisa para se proteger, eu diria que 100%”, respondeu enquanto também comandante-geral das tropas ruandesas.
Em causa, está a proliferação de grupos terroristas na fronteira, que Kigali vem denunciando a falta de acção por parte de Kinshasa.
Outra pergunta a qual Kagame esquivou-se de responder, tem a ver com a exploração ilegal de minerais da República Democrática do Congo, sobretudo o coltan, minério metálico utilizado na fabricação de electrónicos, como telemóveis e computadores.
O Presidente ruandês convidou o jornalista para conhecer a mina onde o Ruanda extrai o coltan e afirmou desconhecer exploração ilegal na RDC por parte do Ruanda.
“As pessoas que se beneficiam dos minerais da RDC, mais do que todos os outros, são a África do Sul e os outros europeus que fazem barulho sobre isso”, disse, entretanto, resposta contestada por Kinshasa que diz ter documentado a exploração ilegal de minerais na RDC por ruandeses, bem como comprovada a intervenção militar do Ruanda no conflito na fronteira entre os dois países.
Kagame confirmou também presença na cimeira conjunta, neste sábado, promovida por países da África Oriental e Austral, para discutir o conflito armado na região.
A cimeira, que vai decorrer em Dar es Salaam, na Tanzânia, e é organizada pela Comunidade da África Oriental (EAC, na sigla em inglês) e pela Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, pretende juntar os presidentes dos dois países envolvidos no conflito que se agrava no Leste da RDC, após a tomada de Goma, capital de Kivu-Norte, pelos rebeldes do M23.
Conforme publicado anteriormente pelo Correio da Kianda, o Movimento 23 de Março (M23) declarou que a decisão do cessar-fogo, que começa a ser observada nesta terça-feira, 4, no Leste da República Democrática do Congo (RDC) deve-se por motivos humanitários.
Em um comunicado, a Aliança do Rio Congo (AFC-M23, na sigla em francês), a coligação político-militar da RDC que integra o M23, assegurou que, “em resposta à crise humanitária provocada pelo regime de Kinshasa, declara um cessar-fogo a partir de 04 de Fevereiro de 2025, por razões humanitárias”.
Presidentes da RDC e Ruanda participam em cimeira conjunta no sábado