Dezenas de pessoas que tentaram ontem sair à rua para se manifestarem, mas foram impedidos pela polícia angolana, falam na existência de pelo menos dois feridos e vários detidos, informação não confirmada pelas autoridades.
Politica
Jovens saem à rua para exigir melhores condições de vida
Na cidade do Lubango, capital da província da Huíla, jovens saíram à rua, nesta quinta-feira, 4 de Fevereiro, para exigir melhores condicões de vida. A manifestação foi organizada por jovens activistas cívicos ligados à sociedade civil nesta parcela do país. O elevado custo de vida, o desemprego, o recente aumento dos valores dos impostos e taxas (particularmente no mercado informal do Mutundo), a institucionalização das autarquias, são as questões que forçaram os jovens a sairem à rua, segundo avançaram ao Correio da Kianda.
Os manifestantes percorreram várias artérias da cidade, partindo do jardim da Sé Catedral, no coração da cidade do Lubango, até à rotundo do Arco Íris.
“Andei e analisei, o João Lourenço é mentiroso”. “O mais importante é resolver o problema do povo” e ” primeiro é o angolano, segundo é o angolano, terceiro é o angolano, angolano sempre”, foram os hinos que os jovens entoavam enquanto marchavam.
“João Lourenço [Presidente da República], Eugénio Laborinho [ministro do Interior], comandante Bazuca [da Polícia Nacional]”, eram, entre várias, as palavras de ordem proferidas, devido os acontecimentos de Cafunfo, na Lunda Norte, onde uma manifestação que a Polícia Nacional considerou um “acto de rebelião”, resultou em vítimas mortais.
Mensageiro Andrande, activista cívico e um dos organizadores da manifestação, disse no final que “os objectivos da manifestação foram alcançados”.
“Nós vamos continuar a nos manifestar até que o Governo cumpra com as promessas eleitorais”, acrescentou.
Manuel Gomes Coelho é outro activista. Falando ao Correio da Kianda, criticou a governação do país. “Tudo no país está indo de mal a pior”, sublinhou.
Os efectivos do Comando Provincial da Polícia Nacional asseguraram a manifestação, desde o local de concentração até o término. Por isso, os organizadores da manifestação louvaram a postura daquele órgão de defesa e segurança.
Manifestação em Luanda
Segundo um activista, Lourenço Dombolo, no momento em que 30 manifestantes chegaram ao local de concentração, pouco depois surgiu a polícia, que dispersou o grupo e deteve 20 pessoas, que foram deixadas na via expressa, um local bastante distante do sítio da manifestação.
O porta-voz do Comando Provincial da Polícia Nacional, Nestor Goubel, explicou que o objectivo dos manifestantes era causar instabilidade. Segundo o responsável, à manifestação é um direito, mas é importante manter-se a distância dos órgãos de soberania!
“A pretensão que tinham de se manifestar ao palácio presidencial é impensável”, disse Nestor Goubel.
O oficial disse ainda que os jovens detidos são reincidentes, e que têm uma espécie de posto de comando onde recebem orientações, com objectivo de desestabilizar e criar um mau ambiente, pelo que as autoridades não permitirão actos do género.
A polícia, confirmou também a vandalização de vários meios durante a manifestação em Luanda.