Jornalista moçambicano aponta desafios da imprensa africana na cobertura eleitoral

Durante o programa Capital Central, da Rádio Correio da Kianda, que esta quinta-feira, 13, abordou o tema “O papel da imprensa na credibilidade das eleições africanas”, o jornalista moçambicano Romeu Carlos destacou as limitações enfrentadas pelos meios de comunicação social no continente, sobretudo em contextos eleitorais, onde o acesso à informação e a transparência ainda constituem grandes desafios.

Romeu Carlos comparou as realidades de Angola e Moçambique, apontando que, apesar de Moçambique apresentar maior abertura mediática, a dependência dos órgãos de gestão eleitoral continua a restringir a liberdade informativa.

“Como em Angola, nós temos um serviço público de televisão com recursos, mas com bastante limitação na abertura em contextos eleitorais. Em Moçambique há uma certa independência nos órgãos de comunicação social, inclusive nas televisões, mas o grande desafio continua a ser o acesso à informação. Os jornalistas querem narrar os factos a partir dos locais onde decorrem as eleições, mas os órgãos de gestão eleitoral não permitem a partilha imediata de resultados preliminares”, afirmou.

O jornalista lamentou ainda o que chamou de “privilégio informativo”, frequentemente concedido apenas aos órgãos públicos, em detrimento dos meios independentes.

“Muitas vezes a imprensa pública tem acesso a dados que não estão disponíveis para todos. Por que deve ser a televisão pública a anunciar primeiro resultados parciais e não outro órgão? Isso demonstra que os órgãos de gestão eleitoral precisam tratar todos os meios com equidade, sem distinções nem privilégios”, sublinhou.

Romeu Carlos acrescentou que, nas últimas eleições moçambicanas, o serviço público também enfrentou restrições no acesso a locais de votação e à informação sensível, situação que, segundo ele, “fragiliza o papel fiscalizador do jornalismo e reduz a confiança do eleitorado”.