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Jonas Savimbi “O senhor da guerra” morreu há 15 anos

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Um dos mais conhecidos senhores da guerra africano morreu em combate, faz na quarta-feira 15 anos, depois de um conflito prolongado contra o poder colonial português e contra o Governo de Angola, que o perseguiu até à distante província do Moxico, onde o eliminou, fazendo do fim de Savimbi o início da mais longa etapa de paz em Angola.
Jonas Malheiro Savimbi nasceu em Munhango, na província do Bié, em 1934 e era filho de Loth Malheiro Savimbi, funcionário dos Caminhos de Ferro de Benguela e pastor evangélico, e de Helena Mbundu Sakatu.
Os primeiros estudos foram feitos em escolas missionárias e em 1958 ganhou uma bolsa de estudo, terminando o ensino secundário no Liceu Passos Manuel, em Lisboa, tendo ainda frequentado durante dois anos a Faculdade de Medicina, também em Lisboa.
Chegou a ser detido em várias ocasiões pela segurança do Estado português (PIDE), optando por fugir para a Suíça em 1960, onde se formou, cinco anos depois, em Ciências Políticas e Jurídicas pela Universidade de Lausanne.
A sua entrada formal na política ocorre em 1961, quando se filiou na União dos Povos de Angola (UPA), de que se tornou secretário-geral, com Savimbi a creditar a decisão ao líder nacionalista queniano Tom Mboya, que conheceu antes numa conferência internacional de estudantes.
Ao fim de pouco mais de um ano já era responsável pelas relações externas do denominado Governo Revolucionário Angolano no Exílio, liderado por Holden Roberto.
Desapontado com a liderança de Roberto, Jonas Savimbi afastou-se e lançou as bases para o que viria a ser a UNITA, que buscava apoio sobretudo entre os ovimbundos, etnia maioritária do centro de Angola, e juntamente com mais 10 quadros da UNITA recebeu formação militar na China. Com a criação da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA), Savimbi abriu uma nova frente na guerra anticolonial na parte leste do território.
Detido em 1967 na Zâmbia, exilou-se no Egito, após o que regressou novamente a Angola e prosseguiu as atividades clandestinas contra o colonialismo português. Com o derrube do regime colonial, em 1974, a UNITA juntou-se ao MPLA, de Agostinho Neto, e à FNLA, presidida por Holden Roberto, na partilha do poder.
As tensões entre os três movimentos precipitaram a antiga colónia numa guerra fratricida, que se acentuou a 11 de novembro de 1975, com o MPLA a proclamar a independência da República Popular de Angola em Luanda, a FNLA a declarar a independência da República Democrática de Angola no Ambriz, norte de Luanda, e a UNITA a fazer o mesmo no Huambo, centro do país.
Enquanto o MPLA recebeu apoio militar da União Soviética e Cuba, a UNITA passou a beneficiar do progressivo eclipse da FNLA e recebeu ajuda financeira e militar da África do Sul e de outros países ocidentais como os Estados Unidos.
A guerra civil prolongou-se até à década de 1990, com Savimbi e José Eduardo dos Santos, que em 1979 substituiu Agostinho Neto na Presidência de Angola, a assinarem em Bicesse, arredores de Lisboa, o acordo que previa um cessar-fogo, a constituição de um exército unificado e a realização de eleições.
O escrutínio realizou-se em 1992, mas a UNITA contestou os resultados da primeira volta, que deram a vitória ao MPLA, e o país precipitou-se novamente na guerra civil.
Em 1994 foi assinado na Zâmbia o chamado Protocolo de Lusaca, que previa mais um cessar-fogo, com a constituição de um Governo de unidade nacional, mas a recusa em aceitar a vice-presidência do país conduziram, cinco anos depois, ao reacender das hostilidades.
O controverso percurso político de Jonas Savimbi entrou num beco sem saída e, acossado pelas Forças Armadas Angolanas, integrando antigos efetivos da UNITA, sucumbiu em combate próximo da localidade de Lucusse, na província do Moxico.
A sua morte abriu as portas ao fim do conflito e cerca de dois meses depois do desaparecimento físico de Savimbi, o governo angolano e a liderança político-militar da UNITA assinaram no Luena, também na província do Moxico, o chamado Memorando de Entendimento Anexo ao Protocolo de Lusaca.

Correio da Kianda/ JN