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João Lourenço manifesta repulsa contra “punição colectiva” e transferência de palestinos para países vizinhos

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Diante de sua convidada, a presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, que esteve de visita a Angola por dois dias, o Chefe de Estado João Lourenço manteve um discurso contundente, que expressou bem a sua insatisfação para com o andar das coisas no âmbito da geopolítica. Entre outras coisas, o também presidente da União Africana lembrou que a referida maior tribuna política africana é a única entidade competente para indicar, acompanhar e apoiar a mediação em África, contando, obviamente, com a cooperação do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Sobre a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, sublinhou pouca coisa, mas revelou-se indignado com a postura militar israelita face aos palestinos.

O Presidente angolano, João Manuel Gonçalves Lourenço, manifestou no dia 08 de Abril, durante a troca de discursos que se seguiu a uma conversa privada com a presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, no Palácio Presidencial, na Cidade Alta, indignação pela forma como tem sido guiada a guerra no Médio Oriente, em que Israel tem fustigado Gaza, como resposta ao ataque que o grupo palestino Hamas efetuou no interior de Israel, a 07 de Outubro de 2023.

De referir que, após o ataque ousado do Hamas no interior de Israel, o mundo sabia que o Estado israelita responderia, e foi aplaudido por certos Estados, tendo em conta a perspectiva de respostas a ataques terroristas. Porém, o mundo não imaginava e nem estava preparado para o tipo de resposta que Israel empreendeu, o que leva várias Nações a endereçar críticas aos judeus, enquanto outras foram se mobilizando na abertura de processos judiciais contra Israel.

Angola, por sua vez, tem vindo a fazer apelos para o fim do conflito, mas desta vez, João Lourenço, o Mais Alto Magistrado na Nação, que falava diante de sua ‘convidada’ Samia Suluhu Hassan, deixou de lado o discurso de apelos, e partiu por transmitir sua visão sobre o conflito israelo-palestiniano, tendo sublinhado que a solução para a presente guerra seja entre outras coisas o cumprimento da Resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), que determina a criação de um Estado da Palestina.

“A punição colectiva, a eliminação de forma indiscriminada de civis, mulheres e crianças e a tentativa de expulsão dos palestinos de suas terras deportando-os para países vizinhos, é algo que deve suscitar a mais severa indignação, repulsa e condenação de todos os povos do mundo. Encorajamos as partes envolvidas a retomarem a via do diálogo, para dar continuidade e concluir os acordos alcançados e em parte cumpridos, de libertação de reféns israelitas e de prisioneiros palestinos das cadeias”, disse o Presidente João Lourenço.

“Este é o único caminho possível para se alcançar a paz definitiva em toda a região e viabilizar o cumprimento e materialização das Resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, sobre a imperiosa necessidade da criação do Estado Independente da Palestina”, acrescentou o Chefe de Estado angolano.

Foi em 29 de Novembro de 1947, que a Assembleia Geral da ONU adoptou a resolução 181, propondo a divisão da então Palestina, então sob mandato britânico, em dois Estados — um judeu e um árabe, sendo 53% do território a pertencer aos judeus, e 47% aos árabes – palestino.

Porém, no início de 1948 é materializado o desiderato constante na Resolução. E os judeus, sedentos de ter um território próprio, proclamaram a sua independência a 14 de Maio daquele ano, mas os árabes palestinos, na companhia das forças armadas sírias, egípcias, e outras, atacaram os judeus no dia seguinte à independência, mas os israelitas saíram-se vencedores, e, de guerra em guerra, foram ocupando mais territórios dos 47% destinados aos palestinos. Portanto, a situação é hoje muito complexa.

Entretanto, João Lourenço não se ficou pela situação israelo-palestiniano, e a Ucrânia. Falou igualmente da actual condição de deterioração da segurança da República Democrática do Congo (RDC), face ao impasse que trava com o Ruanda, uma situação que está agora a ser mediada pelo Qatar.

No seu discurso, João Lourenço, que deixou a mediação do conflito entre a RDC e o Ruanda pelo facto de estar a presidir a União Africana, sublinhou que tudo fará, com a nova mediação do conflito a nível do continente, para que o processo de “pacificação do leste da RDC e o restabelecimento das relações entre a RDC e o Ruanda continuem no quadro da União Africana”, instituição que é, para o Presidente angolano, a “única entidade competente para indicar, acompanhar e apoiar a mediação em África”, mas sempre, como disse, em “estreita coordenação e cooperação com o Conselho de Segurança das Nações Unidas”.

Ao terminar o discurso, João Lourenço sublinhou que a África “deve estar atenta a estes processos tumultuosos de reconfiguração geopolítica onde a razão da força se sobrepõe e prevalece sobre a força da razão e do Direito Internacional”, e por isso, referiu, o continente deve “assumir uma postura que possa funcionar como um factor de equilíbrio e de defesa dos grandes interesses e objectivos” local.




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