João Lourenço, o fénix – Félix Abias

A história de João Lourenço lembra-me o Fénix, um pássaro da Mitologia Grega que, quando morria, entrava em auto-combustão e, depois de algum tempo, renascia das cinzas. De acordo com o mito, o Fénix tinha ainda a característica de ter força para transportar em voo cargas bastante pesadas, com muitas vezes a carregar elefantes. Alguns contam que o Fénix vivia exactamente quinhentos anos, e há quem acredite que seu ciclo de vida era de 97 200 anos.

Exonerado de secretária-geral do MPLA, em 2002, JLO ficou mais de uma década sem qualquer nomeação no Executivo nem no seu partido, tendo-se contentado com a sua presença no Comité Central e no Bureau Político do partido, mas chegou ainda a ser um dos vice-presidentes da Assembleia Nacional. Os entendidos na matéria consideram esse período como “travessia no deserto”. Ou seja, um período em que supostamente não caía nas graças do “dono da bola”.

Durante esse tempo, ficou na “sua”, não se conhece qualquer entrevista. Não se conhece qualquer querela com correligionários, nem o seu nome ficou ligado aos escândalos de corrupção de muitos dirigentes angolanos de que nos apercebíamos a partir do estrangeiro. O mínimo que se sabe de concreto são os seus 5,42% do capital social do BCA, embora se ouça a falar igualmente de outros negócios. Acontece, porém, que hoje foi empossado Presidente da República.

Estas voltas que a vida lhe deu e a capacidade de gestão que teve, na verdade, é que nos levam a equipará-lo ao Fénix.