Politica
João Lourenço diz que luta contra corrupção não deve ser monopolizada
O Presidente da República, João Lourenço, admitiu, nesta terça-feira, 30, em Luanda, a importância da não monopolização da luta contra a corrupção e garantiu maior abertura ao diálogo com a sociedade e forças políticas.
“A luta contra a corrupção não é só um problema do MPLA, é um problema dos angolanos, da sociedade angolana no seu todo. Nenhuma força política pode se arrogar ao direito de a monopolizar, sob pena de ser entendido como uma tentativa de branqueamento dos seus”. O debate sobre as grandes questões nacionais é sempre bem vindo, desde que não se circunscreva a um único partido político, no caso vertente da luta contra a corrupção”, disse o presidente no seu discurso da abertura da 2ª Reunião Ordinária do Bureau Político do MPLA.
Sem citar nomes, João Lourenço manifestou-se descontente com vozes que pensam que a luta contra a corrupção está a ser mal gerida, tratando-os de ingênuos ou pessoas de má fé:
“Mesmo assim, com todo o árduo trabalho até aqui realizado, ainda há quem, por ingenuidade ou má fé, considere que um fenómeno enraizado ao longo dos anos na nossa sociedade, em pouco mais de dois anos já devia estar definitivamente sanado e com resultados mais visíveis”
O presidente afirmou que “embora pareça pouco, é justo reconhecer que em matéria de combate a corrupção fez-se em dois anos muito mais do que alguma vez se fez em 43 dos 45 anos da nossa Independência”.
O combate à corrupção é bandeira que João Lourenço elegeu do seu mandato presidencial, que mereceu alguns elogios quer na comunidade internacional como nacional, mas que nos últimos dias, tem suscitado algumas vozes críticas que acusam o Executivo de ser selectivo, alegando como alvo os familiares e pessoas próximas do ex-presidente José Eduardo dos Santos.
Vozes como do antigo primeiro ministro e secretário geral do MPLA, Marcolino Moco, mostram-se desiludidos. Moco disse estar “desiludido com a governarão de João Lourenço e considera o combate a corrupção uma decepção”, chegando mesmo a criticar a metodologia adoptada para o funcionamento das instituições do Estado e a forma como está a ser levado a cabo o processo de combate à corrupção no país.
De salientar que a filha mais velha de José Eduardo dos Santos, Isabel dos Santos, viu a justiça arrestar os seus bens e participações sociais num processo que o Estado angolano reclama de “mil milhões de dólares”, devido a sua gestão na presidência do Conselho de Administração da Sonangol.
João Lourenço garantiu manter a postura política face ao fenómeno da corrupção, alertando aos seus camaradas do MPLA absterem-se da corrupção. “Depois dos ganhos obtidos pelo país em termos de reputação, o MPLA está proibido de passar mensagens erradas e desencorajadoras à sociedade, aos tribunais, aos investidores e à comunidade internacional”, reforçou.