Politica
João Lourenço critica percepção de agências internacionais de notação financeira às economias africanas
O Presidente em exercício da União Africana, João Lourenço, criticou também a percepção de risco atribuída pelas agências internacionais de notação financeira às economias africanas, considerando que muitas vezes estas avaliações “não reflectem o potencial real dos países nem o seu histórico de cumprimento das obrigações com os credores”.
Durante a sua na abertura da 3.ª Cimeira sobre Financiamento de Infra-estruturas em África, que decorre até 31 de Outubro, João Lourenço destacou que o continente enfrenta “um colossal défice de financiamento” estimado entre 130 e 170 mil milhões de dólares, segundo dados do Banco Africano de Desenvolvimento.
“Reunimo-nos hoje em Luanda, não apenas para discutir números e mecanismos financeiros, mas para reafirmar a nossa visão comum de uma África conectada, moderna e resiliente”, declarou o Chefe de Estado, sublinhando que o desenvolvimento de infra-estruturas “é um meio para criar empregos, promover o comércio intra-africano e melhorar as condições de vida das populações”.
O Chefe de estado angolano disse que o continente africano posiciona-se como um dos motores de crescimento global, devendo capitalizar no dividendo demográfico, caracterizado por ter uma população maioritariamente jovem, inovadora e activa.
João Lourenço disse a declaração de Luanda, que posteriormente será submetida aos organismos da União Africana, deve considerar compromissos concretos de potenciação de mecanismos africanos de financiamentos, um documento que resumirá as directrizes políticas que permitirão harmonizar acções em cada um dos países para assegurar a eficaz mobilização interna e externa de meios.
O Presidente da República afirmou que Angola como país anfitrião do evento, e na qualidade em líder em exercício da União Africana, vai trabalhar com todos os Estados-membros, instituições financeiras e parceiros internacionais, para garantir que cada quilómetro de estrada, cada mega wots de energia e rede de fibra óptica contribuam para o desenvolvimento dos povos africanos.
Para o especialista em ciência política Eurico Gonçalves, a realização desta cimeira em Luanda, traduz-se num propósito de visão do futuro.
Eurico Gonçalves destacou por outro lado que os projectos que nascerem desta cimeira terão impacto e transformações em energia, transportes, estradas, telecomunicações e saneamento que podem gerar emprego e abrem caminhos um crescimento económico inclusivo e sustentável, pelo que defende transparência na aplicação dos recursos mobilizados.
O especialista em relações internacionais, Isaac Canjengo, disse à Rádio Correio da Kianda, a resolução de problemas rodoviárias e telecomunicações como primárias para que Angola comece a dar passos sustentáveis para a infra-estruturação não só do país, mas consequentemente do continente africano.
Já o economista José Macuva disse que do ponto de vista económico, o ganho para Angola, vai depender de como é que a cimeira pretende obter financiamentos para as infra-estruturas, alertando sobre a necessidade de as infra-estruturas serem executadas por entes privados e não públicos sob pena de se incorrer para a corrupção.
Durante os quatro dias de trabalhos, a cimeira reunirá chefes de Estado, ministros, investidores e instituições financeiras internacionais, com o objectivo de mobilizar recursos para projectos ferroviários, portuários, rodoviários, energéticos, de segurança hídrica e de transformação digital.