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João Lourenço conversa com Kagame e Macron sobre segurança no Leste da RDC

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Num comunicado divulgado esta noite, a Presidência da República informou que o Chefe de Estado, João Lourenço, reuniu esta quinta-feira, 30, por chamada telefónica, com os presidentes Paul Kagame, da República do Ruanda, e Emmanuel Macron, da França.

Em causa está a degradação da situação de segurança no Leste da RDC após o M23 tomar a capital de Kivu-Norte, Goma.

Designado pela União Africana para mediar a crise político-diplomática e de segurança entre a República Democrática do Congo e a República do Ruanda, ontem, João Lourenço reuniu, em Luanda com o seu homólogo da RDC, Félix Antoine Tshisekedi.

“Tanto ontem com o líder congolês como hoje com os presidentes Paul Kagame e Emmanuel Macron, o foco do medianeiro consistiu no apelo veemente a que se preservem os ganhos já alcançados no quadro do Processo de Luanda, nomeadamente o cessar-fogo, a Neutralização das Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR) e o Desengajamento de Forças/Levantamento das Medidas de Segurança adoptadas pelo Ruanda, isto é, a retirada das Forças de Defesa do Ruanda do território da RDC, lê-se no comunicado.

Igualmente “foi sublinhado que, não obstante os esforços da mediação, só a boa vontade e o comprometimento das partes – a República Democrática do Congo e a República do Ruanda – permitirão o avanço do processo de pacificação no Leste da RDC, o que não tem sido observado”.

Em resposta, o Presidente do Ruanda destacou na sua rede social a reunião telefónica e disse ter assumido compromisso para o estabelecimento da paz na região.

“Mais cedo hoje, tive uma conversa produtiva com o Presidente João Lourenço e discutimos a necessidade de uma solução sustentável e de longo prazo para a situação actual na RDC. Também reafirmamos nosso compromisso de trabalhar com outros países no continente para encontrar uma solução, ao mesmo tempo em que aprofundamos a nossa forte parceria bilateral daqui para frente”, assinalou.

Pouco depois das 23 horas desta quarta-feira, 29, (hora de Luanda), o Presidente da República Democrática do Congo falou pela primeira vez à Nação após a tomada de Goma, capital de Kivu-Norte, pelo Movimento 23 de Março, doze anos depois da cidade ter sido ocupada por dez dias pelos rebeldes do M23.

“O país, em particular as províncias de Kivu-Norte, Kivu-Sul e de Litori, enfrentam uma agravação sem precedentes da situação de segurança. As Forças de Defesa do Ruanda, em apoio da marionete do M23, continuam as suas operações terroristas em nosso território, semeando o terror e a desolação entre nossas populações. Com vocês, eu compartilho a dor e a indignação contra esses ataques bárbaros”, começou por dizer Félix Tshisekedi.

Em resposta, o presidente Paul Kagame disse que o Ruanda está pronto para o “confronto”, rejeitando as crescentes críticas sobre o seu apoio aos rebeldes do M23, no Leste do Congo.

Sabe-se que este fim-de-semana, Félix Tshisekedi realizou várias reuniões de urgência com o seu Governo, tendo, inclusive no sábado, cortado relações diplomáticas com o Ruanda, que entretanto, até o momento não afirma nem nega apoio ao M23.

Na sequência, Kinshasa anunciou a retirada dos seus diplomatas de Kigali, bem como deu 48 horas para que o governo de Paul Kagame fizesse o mesmo.

O que se viu, na segunda-feira, 27, foi a destruição total da Embaixada ruandesa em Kinshasa, bem como a parcial das representações diplomáticas de França, Bélgica e Uganda, por um grupo de manifestantes, na capital da República Democrática do Congo.

Contudo, segundo a Presidência, “não obstante, a mediação reitera que continuará a efectuar demarches no sentido de reaproximar as partes, desanuviar as tensões e restabelecer a paz, para que as sofridas populações do Leste da República Democrática do Congo possam desenvolver, em ambiente de normalidade, as suas vidas”.

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