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Análise

JLO e a visita privada: O senhor não está a viajar muito?

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Quando ouvimos falar em viagem privada do Presidente da República muitos não percebemos o que vai fazer, até porque pela natureza da mesma os seus Órgãos Auxiliares nunca emitem comunicados de serviço detalhados.

Forçosamente entendemos que o Presidente da República vai em gozo da merecida licença disciplinar, às vezes vai fazer consultas de rotina. Bem, pelo menos encontramos – verdadeira ou não – alguma razão para que o Chefe de Estado se ausente legitimamente do seu local de trabalho.
Em dia de mais uma viagem privada, desta vez a um País africano e irmão, duas leituras nos prepusemos fazer:

[1] O Presidente da República nos termos da Constituição e da Lei é a figura que dirige toda a actividade administrativa do Estado. Neste sentido, o termo administração é abordado na perspectiva funcional da máquina do Estado em que conta com Ministros, Governadores, Directores Nacionais e Provinciais e Presidentes dos Conselhos das Administrações de Empresas Públicas, embora no último caso a intervenção seja indirecta pela natureza do organograma das mesmas.

Assim, as constantes viagens de João Lourenço alegando questões viagens podem colocar em causa, circunstancialmente, como em qualquer outra empresa em que o seu responsável máximo está sempre fora da mesma, o normal funcionamento da máquina administrativa a que nos referimos acima. Aliás, diz-se nestes casos que as suas funções são exercidas interinamente pelo Vice-Presidente da República que remete à consideração superior questões que transcendam as suas atribuições.

Estas transcendentes são as que preocupam quando se fala de viagens privadas e recorrentes, pois, há problemas que não se resolvem por causa da ausência do titular da pasta.

Do campo político, de igual forma, não se somam pontos quando o Presidente da República viaja muito naquelas circunstâncias. Não, porque depois pairam dúvidas sobre os reais motivos das viagens. Questionam se o Presidente está de saúde, se está a fazer negócios, se está a estudar, em fim, levanta-se uma serie de duvidas com vista a perceber os reais motivos, o que, em nossa percepção, é evitável, embora reconheçamos que o Presidente da República também tem direito ao gozo de férias nos termos da Lei e que, para este fim, podem ser interpoladas. (pode goza-las em meses diferentes, como ocorrem com qualquer outro trabalhador)

[2] Outra questão não menos importante nestas viagens, fundamentalmente, na viagem a Maputo, Moçambique, desta sabado, 08 é o momento, porquanto salta a vista o facto de a mesma ocorrer no dia em que o MPLA, Partido de que é Presidente, comemorou num acto de massa, antecipadamente os 62 anos de sua fundação que se assinala na segunda-feira, 10 de Dezembro.

Enquanto os militantes festejavam, fora de Luanda, João Lourenço despedia-se do seu elenco no Aeroporto Internacional de Luanda. Da leitura que se impõe colhe-se, por muitos, que, na verdade, o acto dos camaradas não foi respeitado e não mereceu a dignidade que ao longo da historia dos camaradas sempre se reputou, embora se reconheça o valor da figura que o presidiu.

No entanto, são leituras que em política não podem ser ignoradas, pois quanto mais as evitar melhor para as formações e individualidades politicas. Diz-se, por isso mesmo que a política é feita de pequenas nuances, de leituras e detalhes pelo que a nosso ver fazer uma visita privada no dia em que o seu partido completa 62 anos, o primeiro aniversario desde que ascendeu a presidência do mesmo deixa, de facto, margens de duvidas e de leituras diversas sobre o valor que atribui ao partido. E, assim, Senhor Presidente, há que trazer a ideia de estar a viajar em demasia.




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