Educação Financeira
Introdução à Educação Financeira
Semanalmente, às quartas-feiras, vamos trazer até vós, caros leitores e seguidores do site Correio da Kianda, textos, gráficos, tabelas, análises, comentários, sugestões e soluções de educação financeira para pessoas e para empresas, diversificando os temas, semana após semana, sempre, mas sempre com a virtude de explicarmos e simplificarmos com linguagem simplificada sobre assuntos relacionados com economia, gestão, finanças, recursos humanos, marketing, educação financeira em geral, e dessa forma aumentarmos o Conhecimento da nossa população angolana para os desafios actuais e futuros.
Nesta segunda edição, trazemos uma primeira parte de um assunto que vamos dividir em várias partes para organizar as finanças das nossas famílias angolanas, independentemente da localização, rendimento, constituição do agregado familiar, formação académica, etc. Educação Financeira para Todos!
1. Introdução à Educação Financeira
A Educação Financeira consiste em aprender a orçamentar, economizar, cortar gastos, poupar e acumular dinheiro. É muito mais que isso! É um busca incessante por uma melhor qualidade de vida tanto hoje quanto no futuro, proporcionando a segurança material necessária para aproveitar os prazeres da vida e ao mesmo tempo obter uma garantia para eventuais imprevistos.
A famosa fábula da “Formiga e da Cigarra” exemplifica muito bem uma eterna questão que tentamos resolver diariamente: “Será melhor simplesmente aproveitar o dia de hoje ou nos preparar para o futuro”?
Vamos dar um exemplo prático, supondo que esteja a passear num centro comercial e passa por uma loja com aquela roupa fantástica que você sempre sonhou. Você não tem mais dinheiro para e até ao final do mês. O que você faz?
• pede emprestado, afinal você merece. Nunca se sabe o dia de amanhã, mas ela vai ser melhor com esta roupa nova;
• não compra naquele momento. Mas volta para casa e começa a planear o que fazer para economizar e comprá-la daqui a 3 meses.
• não compra naquele momento e nem depois. Afinal você tem outros objectivos mais importantes e prioritários que você deseja cumprir antes da compra da roupa.
Existe uma resposta correcta?
– Não. Aliás, você pode escolher respostas diferentes de acordo com o momento da sua vida. O mais importante é que você escolha a sua resposta de modo consciente, que conheça as implicações de sua decisão e tenha uma atitude equilibrada. Isto é Educação Financeira!
2. ESTABELECER OBJECTIVOS
A busca pela qualidade de vida no presente e no futuro envolve o estabelecimento de objectivos que podem ter valores e prazos diversos. Para algumas pessoas, este processo de definição de metas é algo que ocorre naturalmente, sem muita dificuldade.
Se este não é o seu caso, não se preocupe. Você faz parte da maioria! Mas isto não é desculpa para não tê-los. O seu objectivo pode ser fazer uma viagem no próximo ano, trocar de carro em 2 anos, comprar a casa própria em 10 anos ou simplesmente acabar com aquela dívida do cartão até o final do ano. O fundamental é que tenha objectivos.
Provavelmente você irá constatar que possui muitos objectivos para poucos recursos. O passo seguinte é então priorizar os objectivos e, por fim, estabelecer metas de poupança. E sempre que você tiver que tomar uma decisão sobre “gastar ou não gastar”, pense no seu objectivo. Pense em como a sua decisão fará com que você fique mais perto ou mais longe da sua meta.
Para começar de uma maneira simples, estabeleça pelo menos UM OBJECTIVO com relação ao seu dinheiro. Busque uma meta bem simples e de curto prazo, de modo que você consiga ver os resultados mais facilmente e vá ganhando confiança em si. De certeza, que em breve estará disponível para estabelecer objectivos com maior distância de tempo e valores.
3. CONHECENDO E CONTROLANDO SEUS GASTOS
Você já teve aquela sensação que o seu salário simplesmente desapareceu, mas você não sabe como? Pois é, as pessoas geralmente sabem o quanto ganham, mas não sabem o quanto gastam. E muito menos aonde gastam.
Para mudar esta situação é necessário fazer um controlo de despesas. Isto significa anotar diariamente cada despesa realizada e qual o meio de pagamento utilizado – dinheiro, cartão ou cheque. As despesas devem ser agrupadas em categorias – educação, alimentação, moradia, etc. – para que você possa realizar uma melhor análise. Feito isto, você poderá verificar as quantias gastas em cada categoria e então estabelecer um orçamento, um limite de gastos para cada categoria.
Caso você observe que as suas despesas são superiores às receitas, você tem três opções:
• aumentar as receitas;
• diminuir as despesas;
• e claro, a melhor das três, aumentar as receitas em conjunto com a diminuição de despesas.
O corte de gastos é algo doloroso de se fazer. Significa abrir mão, em muitos casos, daqueles pequenos prazeres que parecem fazer a vida valer mais a pena. Entretanto, este sacrifício de hoje será pequeno se comparado à alegria de conseguir alcançar o seu OBJECTIVO. Esta é a base do pensamento da Educação Financeira!
– Vale a pena controlar as “Pequenas Despesas”?
Algumas acções como adiar a troca do carro, não comprar o último lançamento electrónico, comparar preços de bens e serviços antes de adquiri-los podem significar reduções relevantes de despesas. Mas também não se esqueça dos gastos pequenos que parecem insignificantes, como aquele pagamento para lavar o carro, o menino na rua que vigia o carro.
Acompanhe os seus gastos com carinho, com muita dedicação. Você poderá perceber que em algumas categorias existem gastos excessivos. Ou então descobrir despesas desnecessárias, que poderiam ser adiadas. Acredite. Você vai se surpreender com os resultados!
Daniel Sapateiro
Economista e Professor Universitário