Sociedade
Huíla: fome obriga populares da localidade de Mundejembwe a alimentarem-se de raízes e minhocas
Mundejembwe é uma localidade da Huíla, que dista aproximadamente trinta quilómetros do Município do Lubango, onde, apesar da proximidade com a cidade, de acordo com a população local, “não existe nenhuma autoridade do Estado”. Anciãos, moradores locais há mais de quarenta anos, entrevistados pelo Correio da Kianda, falam de Mundejembwe ser um território quase desconhecido pelo Governo, onde a má-nutrição mata crianças por falta de comida e a tuberculose, ceifa a vida de adultos, em consequência do trabalho forçado na produção do carvão.
Com os efeitos nefastos da estiagem e os gritos de socorro da população local para ajuda do Governo, que parecem não estarem surtir efeitos, a população de Mundejembwe, no Município do Lubango, comuna da Kilemba, Huíla, para sobreviver, o recurso tem sido alimentar-se de minhocas e raízes, devido a falta de alimentos.
Afonso Mundindi, um dos mais antigos moradores na localidade, de 57 anos, entrevistado por este jornal, disse, estarem a população de Mundejembwe a viverem um calvário, onde “a esperança de vida morre a cada dia que nasce, e o desespero pela vida, vem se tornando, num facto real”.
Trata-se de uma aldeia, ladeada de montanhas, com um acesso espinhoso, devido a estrada, que é uma picada, onde apenas os jeeps, podem passar.
Devido a fome, centenas de hectares de árvores nas matas de Mundejembwe têm sido destruídas devido a produção de carvão, que é a principal fonte de renda dos que ali vivem, devido a falta de chuva e semente para o cultivo.
Para mitigar a situação, a Igreja Evangélica Sinodal de Angola (IESA) proporcionou, neste domingo, 28, um almoço com a comunidade local, onde fez a entrega de sementes para o cultivo e foram ainda realizados pela direcção da saúde da província, aos moradores da aldeia, que não tem assistência médica nem medicamentosa, há muitos anos, consultas de clínica geral, testes de malária, e vacinas da Covid-19.