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Homem de 40 anos acusado de engravidar filha de 15

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Tânia da Conceição (nome fictício), 15 anos, está a viver dias atribulados, por causa de uma gravidez indesejada, de três meses, contraída através de sucessivos abusos sexuais, durante cinco anos ininterruptos, protagonizados pelo seu próprio pai, identificado por Borges Vicente, de 40 anos.

Durante os cinco anos em que foi abusada, Tânia manteve-se calada, sem denunciar o pai, com receio de perder o sustento, uma vez que nunca conheceu a mãe biológica, nem outros familiares próximos.

O Jornal de Angola encontrou a menor no Laboratório Central de Criminalística, em Luanda, para onde foi encaminhada pelo Serviço de Investigação Criminal, para efectuar exames médicos.  De altura média, Tânia que estudou apenas até à nona classe, no  ano passado, compareceu no Laboratório de Criminalística, trajando blusa branca, calça castanha e chinelas “facilita” azuis, já gastas pelo uso, e lamentou a triste situação em que ela se encontra e as quatro irmãs.

“Estou com três meses de gravidez e não quero ter este filho, por ser do meu pai. Clamo por ajuda da sociedade para interromper a gravidez”, suplicou a menor, com a voz embragada pela dor.Acompanhada de sua irmã, de apenas oito anos, também ela abusada sexualmente pelo pai, Tânia explica que o drama começou, há cinco anos, na província do Cuando Cubango, onde vivia com a avó. 

Certo dia, disse a menor, o pai tentou, sem sucesso, passar as mãos nos seus órgãos genitais, mas conseguiu fugir. Mas houve outras tentativas de abusos sexuais da parte do progenitor, de que ela sempre escapou incólume. 

Já no Distrito de Capalanga, em Viana, para onde passou a viver com o pai, depois de deixar o Cuando Cubango, Tânia encontrou quatro irmãs, de 18, 13,11 e oito anos, que segundo ela também já foram abusadas sexualmente inúmeras vezes pelo próprio pai. 

Geradas por mães diferentes, Tânia explica que a irmã mais velha de 18 anos, cansada dos abusos do pai, decidiu ajudar a outra de 13 anos, tirando dinheiro ao pai, vendedor de material de construção no mercado da Famosa, em Viana, para comprar bilhetes de passagens de autocarro, para viajarem até Saurimo, Lunda Sul, a fim de localizarem a mãe.

“O pai não tinha vergonha de ficar completamente despido diante de nós no quintal da casa. Houve alturas em que violava as cinco filhas na mesma noite”, acusou. 
Segundo a menor, para o pai materializar os seus intentos animalescos fingia que pretendia algo e chamava uma a uma para o seu quarto, incluindo a caçula de apenas oito anos. 

Diante do clamor da menor de oito anos, Tânia explica que, em algumas ocasiões, chegou a implorar ao pai, para deixar a irmã e continuar a relação sexual com ela, pelo que Borges Vicente sem dó, nem piedade, aceitava a troca sem pestanejar.

A adolescente disse que devido aos constantes abusos do pai, consumadas quer de noite, quer de dia, elas traçaram uma estratégia para impedir os actos depravados do pai, que consistia em se  manterem umas acordadas durante a noite para vigiar, enquanto outras dormiam.

 “Em alguns dias, conseguimos lutar contra o pai e travar o seu apetite sexual, mas outras vezes acabávamos mesmo por ser violadas”, disse, para acrescentar que a sua irmã de 13 anos decidiu também tirar dinheiro do pai e com ajuda de conhecidos fugiu para Lunda-Sul, onde supostamente terá familiares. 

“Tivemos medo de lhe queixar à Polícia, por saber que não temos familiares para nos acolher, uma vez que somos crianças, mas depois acabamos por ir à Esquadra, porque o sofrimento já era demais”, disse.

No dia 2 de Janeiro, Tânia e a irmã de oito foram à Esquadra Policial do Capalanga e apresentaram queixa contra o pai, que horas depois  acabou detido, numa busca efectuada por operativos do SIC e que  confessou a autoria dos crimes de que é acusado pelas filhas. 

Os exames efectuados no Laboratório Central de Criminalista confirmaram a gravidez de três meses e que as duas tinham perdido a virgindade pelos consequentes abusos sexuais a que estavam sujeitas.

“Não quero ter este filho e peço à sociedade que me ajude. Não quero ter um filho do meu próprio pai”, disse desesperada a menor, que está a viver com uma senhora, moradora do bairro Capalanga, que se mostrou solidária para com as duas irmãs vítimas da depravação do próprio pai.




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