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Guerras e evolução energética marcam mandato de Angola na SADC

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O Presidente João Lourenço, então na qualidade de presidente da região austral de África, recordou-se, nesse sábado, com sentimento, no momento em que passara o martelo da liderança da organização ao seu homólogo do Zimbabué, dos soldados ao serviço da SADC e que perderam suas vidas em missão na RDC e em Moçambique, tendo igualmente lamentado em relação ao défice anual de financiamento de infra-estrutura que se regista na região.

As guerras, as crises climáticas e a fraca capacidade financeira marcaram o mandato de 12 meses da presidência angolana na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), e é com estes desafios que Emerson Mnangagwa, presidente do Zimbabué, assume, em substituição de João Lourenço, o leme da organização.

Entretanto, a herança deixada pelo estadista angolano a Mnangagwa não é de todo negativa, há activos importantes a realçar, como o crescimento no domínio do desenvolvimento das infra-estruturas de apoio à integração regional, progressos nos sectores da energia, dos transportes, dos recursos hídricos partilhados, das Tecnologias de Informação e Comunicação e da meteorologia.

No quadro das guerras na região, João Lourenço, que discursava na 44ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da SADC, que teve lugar no edifício do Parlamento Zimbabueano, destacou a força e a bravura dos soldados que perderam a vida no cumprimento do dever, no âmbito das Missões de Apoio à Paz, nomeadamente a Missão da SADC em Moçambique (SAMIM), país que lida com grupo de terroristas, bem como a Missão da SADC na República Democrática do Congo (SAMIDRC), uma nação vizinha de Angola, e que enfrenta mais de 100 grupos armados, com destaque para o movimento 23 de Março (M23), que de acordo com a ONU, tem beneficiado de apoio técnico e militar do Ruanda.

“Permitam-me que vos proponha que rendamos uma homenagem a estes valorosos filhos da nossa região, cujas memórias devemos procurar honrar, defendendo os valores em que acreditavam e lutando tenazmente por um futuro melhor para a nossa região”, apelou o Presidente João Lourenço.

A crise climática na região também não passou ao lado do discurso de João Lourenço, que recordou da devastação provocada pela seca e inundações resultantes do fenómeno El Niño. Entre outras avaliações, o estadista angolano lamentou que os Estados-membros não tenham conseguido mobilizar o total de 5,5 mil milhões de dólares norte-americanos, que haviam acordado captar para responder com as necessidades humanitárias geradas pelo El Niño.

“Devo dizer com alguma apreensão que os valores mobilizados até aqui estão muito aquém da estimativa definida na Cimeira [que abordou o assunto], pelo que gostaria de reiterar o mesmo apelo aos parceiros nacionais, regionais e internacionais, ao sector privado e aos Estados-membros, de modo que façamos um esforço adicional para nos aproximarmos dos valores de que necessitamos, a fim de se prestar assistência aos afectados da nossa região pelo fenómeno El Niño”, sublinhou João Lourenço, que, nos últimos tempos, tem sido apontado como um potencial candidato a presidente da União Africana, sendo que, caso tencione concorrer, já conta, por hora, com o apoio dos Estados Unidos da América.

Como já enunciado, não só de situações negativas foram marcadas a administração de Angola sobre a SADC. Por exemplo, de acordo com dados apresentados por João Lourenço, no domínio do desenvolvimento das infra-estruturas de apoio à integração regional, registaram-se consideráveis progressos nos sectores da energia, dos transportes, dos recursos hídricos partilhados, das Tecnologias de Informação e Comunicação e da meteorologia, sendo que a comunidade possui actualmente 86% de cobertura de rede móvel, o que a torna, segundo João Lourenço, “muito próxima do alcance do objectivo dos 95% para 2030”.

A penetração da internet na região, ainda de acordo com o Chefe de Estado angolano, “está estimada em 54%”, o que significa que mais de metade da população da SADC tem acesso a comunicação por esta via.

“Tudo isto se deve à dinâmica de colaboração entre os Estados-membros, que se organizaram solidamente para investir em infra-estruturas digitais, reduzir o custo dos serviços neste domínio e promover a literacia digital”, destacou.




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