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Guerras da Ucrânia e de Israel não retiram as atenções dos EUA a Angola

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Na actualidade, Angola é para os EUA o “país mais importante de África”, segundo o seu presidente Joe Biden, e tudo parece não se tratar de mera demagogia. Apesar das guerras em que está envolvida, na Ucrânia e no Médio Oriente, a Administração Biden mantém focado os olhos ao parceiro do continente berço com envio dos seus mais importantes auxiliares, bem como tem procurado cumprir as promessas de investimento. Do lado angolano, embora mais emotivo e dependente dos poderosos globais, tem sabido manter-se fiel a parceria, afastou-se dos BRICS, um organismo antagónico aos interesses norte-americanos, e até alinhou o designer da sala de reuniões do Palácio da Cidade Alta ao da Casa Branca.

Os Estados Unidos da América, sob a Administração Biden, voltaram à sua agenda tradicional, o de guardião do mundo livre e democrático. Incompreendido, e comparado à Administração de seu antecessor o Republicano Donald Trump, o Democrata está a ser acusado de estar a promover guerras do mundo, pelo facto de se opor de forma prática aos intentos dominador global de Vladimir Putin.

Em 2016, o presidente russo, Vladimir Putin, chegou a ser eleito pelo quarto ano consecutivo, o homem mais poderoso do mundo pela revista Forbes. Na lista dos poderosos, Putin destronara Donald Trump, enquanto presidente norte-americano e a então chanceler alemã Angela Merkel.

Vladimir Putin reafirmou a sua imagem no mundo como o homem mais poderoso por conta de suas acções imparáveis realizadas no interior do seu próprio país, a sua intromissão impune nas eleições norte-americanas que deram vitória a Trump, as suas investidas na Síria, em ajuda de Bashar al-Assad, que por conta do apoio de Putin, manteve-se impune mesmo após de ter sido acusado de ter usado armas químicas contra um grupo rebelde.

Pondo o mundo em risco de uma III Guerra Mundial, Vladimir Putin ameaçou colocar homens e equipamentos militares russos precisamente no local onde os EUA na era Obama tencionavam bombardear em resposta ao alegado uso de armas químicas pelo regime de Assad, e garantiu que retaliaria caso a operação norte-americana e de aliados tivesse lugar. O Ocidente teve de recuar.

Esses episódios criaram a Putin uma falsa ideia de impunidade. Continuou. Avançou para Ucrânia e anexou a Crimeia, e o mundo novamente virou os olhos para o lado como se nada tivesse a acontecer.

Entretanto, o erro de cálculo de Putin surgiu em Fevereiro de 2022, um ano depois de Joe Biden ter tomado posse como o 46.º presidente norte-americano.

O Kremlin invadiu a Ucrânia a 24 do mês e ano já referidos, talvez julgando que Biden fosse semelhante a Trump e a Obama. Ledo engano. Joe Biden levou os EUA a investirem forte na Ucrânia, com envio de milhares de dólares e de equipamento militar, facto que tem permitido o país de Zelensky a fazer face à tamanha força bélica de Moscovo. Além de Washington, Bruxelas, a capital dos 27 membros da União Europeia, também tem enviado milhares de euros e equipamentos a Kiev.

Como se não bastasse a guerra da Ucrânia, eclodiu uma guerra no Médio Oriente envolvendo o maior aliado dos EUA na região, o Estado de Israel. Homens armados do Hamas, organização que governa a Faixa de Gaza, invadiram o território israelita a 07 de Outubro de 2023.

Além do Hamas, vários outros grupos tomados por terroristas pelo Ocidente e Israel, passaram a lançar ataque contra as cidades hebreias, e procuraram interromper a circulação comercial no Mar Vermelho.

Novamente, os EUA viram-se forçados a agir, enviando milhares de dólares à Israel, bem como equipamento militar sofisticado. Diferente da sua intervenção na Ucrânia, em Israel, os EUA destacaram homens que têm interceptado mísseis que vêm do Iémen e de outros locais.

Entretanto, é muita pressão sobre os EUA. Mas apesar disso, tem sobrado tempo para Angola. Em cumprimento de sua promessa de estabelecer uma relação de prosperidade mútua, os EUA estão a aumentar a sua presença no país com investimento em energia limpa, telecomunicações, e no Corredor do Lobito – uma via-férrea que liga Angola à República Democrática do Congo e à Zâmbia, um projecto em que os norte-americanos destronaram os chineses.

Dados da AIPEX, agência angolana responsável pela política de importação, investimento privado e exportações, dos últimos seis anos, de Agosto de 2018 a Janeiro de 2024, indicam que os investimentos norte-americanos estão avaliados em 3,5 mil milhões de dólares, figurando assim no topo 10 entre os maiores que mais investiram no país no período em análise.

Contrariamente ao que se pensa, a Inglaterra está em segundo lugar no topo à frente da China, que investiu pouco mais de 318 milhões de dólares.

Como fez saber Joe Biden, na actualidade, Angola é para os EUA o “país mais importante de África”. E face à postura adoptada agora pelos norte-americanos, parece que não se trata de mera demagogia no quadro da política internacional.

De Setembro de 2023 até Janeiro deste ano, por exemplo, a Casa Branca mandou para Angola os mais relevantes membros da Administração Biden, desde ligados aos sectores da energia, tecnologia, defesa e segurança, bem como o seu secretário de Estado Antony Blinken, que não hesitou em elogiar o rumo que a governação angolana está a seguir.

… Saúde

Além de projectos económicos, como tecnologia, energia e outros, a Administração Biden também está em empenhado na melhoria do sistema de saúde angolano.

E neste quadro, está marcada para os dias 23 a 25 deste mês, a visita a Angola da administradora da Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID) dos EUA, Samantha Power, que se fará acompanhar do vice-secretário de Estado Richard Verma.

O objectivo destes importantes quadros norte-americanos é o de reafirmar o compromisso do governo dos EUA em apoiar a prosperidade, a segurança e a boa governança em Angola.

A administradora reunir-se-á com líderes governamentais, membros da sociedade civil e executivos empresariais em Luanda. Vai olhar para a questão da prevenção da malária, os investimentos feitos neste segmento pela USAID, além de estar em agenda uma visita ao Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde de Angola, um parceiro-chave na Iniciativa do presidente contra a Malária (PMI).

O Corredor do Lobito também consta entre os objectivos da visita. Por sua vez, Angola, embora mais emotivo e dependente dos poderosos globais, tem sabido manter-se fiel a parceria. Afastou-se de alguns países dos BRICS, um organismo antagónico aos interesses norte-americanos.

Em Março de 2022, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, Angola votou por abstenção a uma Resolução da ONU que visava condenar a Moscovo. O sentido de voto foi tido como forma de apoio à Rússia, seu velho aliado. Mas após a aproximação aos EUA, Angola mudou o modo como olhava àquela guerra. Em Outubro do mesmo ano, o país votou, na ONU, a favor de uma Resolução que condenava a Rússia pela anexação de territórios ucranianos.

Em diferentes segmentos tem se a percepção de que o país terá batido com a porta à OPEP por orientação dos EUA, embora Angola diz que fora por decisão própria visando o aumento da produção petrolífera.

Além do campo económico, a parceria com os EUA alargou-se também para o sector militar e de inteligência, sendo que no momento o país manifestou a intenção de substituir o equipamento militar russo pelo equipamento da NATO.




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