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Guerra na Ucrânia: Presidente Marcelo de Sousa viaja para Kyiv
O Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, deverá deslocar-se à Ucrânia ainda esta semana para “um desafio essencial”, nesta que é a sua primeira deslocação à Kyiv, desde o eclodir do conflito a 24 de Fevereiro de 2022.
Segundo um pedido de autorização enviado ao Parlamento, citado pelo site Notícias ao Minuto, a viagem de Marcelo Rebelo de Sousa deve acontecer entre hoje, terça-feira e sexta-feira.
Numa conferência de imprensa conjunta com o Presidente da República polaco, Andrzej Duda, no âmbito da visita oficial a Varsóvia que termina hoje, Marcelo Rebelo de Sousa deixou “uma palavra especial” àquele país “pelo papel que tem tido no quadro da situação vivida na Ucrânia”.
“Estamos unidos e estamos solidários e sem hesitações e por isso eu tomei devida nota das preocupações polacas quanto àquilo que possa ser entendido como necessidade de estar atento a movimentações que questionem as fronteiras leste da União Europeia e da NATO. Estamos atentos, solidários e operacionais”, enfatizou.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, o “desafio que se coloca neste conflito, que não é um conflito meramente europeu, é um conflito global, é um desafio difícil, mas essencial”.
“Ignorá-lo ou não estar disponível para enfrentá-lo, na medida das capacidades de cada qual, seria um erro histórico e nenhum dos nossos dois povos, países, estados cometeu esse erro. Isso explica porque é que em Portugal há uma unidade praticamente total em torno desta questão”, defendeu.
Na análise do chefe do Estado, Portugal, seguido pela Polónia, “é onde a opinião pública é mais clara quanto à posição a adotar pelo Estado português quanto à situação ucraniana”, o que tem gerado “uma convergência nacional, sensível aos princípios que estão em causa”.
Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que a “posição polaca em relação à invasão da Ucrânia pela Federação Russa” foi “sempre constante” quer do ponto de vista político, diplomático, militar, humanitário, financeiro.
“Como sabe a Ucrânia e sabem os nossos outros aliados, a posição portuguesa é exatamente idêntica. É e será porque não podemos admitir a violação de princípios fundamentais da comunidade internacional, do direito internacional, da carta das Nações Unidas e por isso o povo ucraniano tem direito a recuperar a sua integridade territorial, fundamental para o exercício da sua soberania, como Estado independente e de fazê-lo com a solidariedade de todos os que se reconhecem nesses princípios e não aceitam a violação continuada daquilo que são valores que devem unir a comunidade internacional”, referiu.
Segundo o Presidente da República, é preciso estar atento “às formas diretas e indiretas de fazer guerra”.
“Faz-se guerra hoje de muitas formas. Nós conhecemos bem o que se passa noutros continentes. (…) Forças nacionais destacadas noutros continentes e sabemos como aí as intervenções destabilizadoras começaram por ser indiretas, passando depois a ser diretas”, disse.
Por sua vez, o Presidente polaco agradeceu “a Portugal pela ajuda prestada até agora” ou seja, o apoio aos ucranianos, por exemplo, com a ajuda humanitária”.
Andrzej Duda respondeu ainda a perguntas sobre a presença do grupo Wagner, referindo que esta “é um facto no território da Bielorrússia”.
“Gostaria de lembrar que esse ataque híbrido nas fronteiras da Polónia já dura desde há muito tempo, especialmente na segunda parte de 2022 e na primeira parte deste ano diminuiu um pouco, mas a pressão nos últimos tempos tem aumentado e é obvio que esse ataque está a ser auspiciado pelo regime bielorrusso e também pelas autoridades russas. Tratamos isso como um dos elementos da ampla operação conduzida pela Rússia”, referiu.
O presidente polaco afirmou ainda que “proteger as fronteiras é um dos assuntos mais discutidos nas últimas semanas e dirigir mais forças para apoiar também as forças da polícia e também os soldados”.
Em 10 de agosto, foi anunciado que a Polónia vai aumentar para cerca de 10 mil soldados a força militar na fronteira com a Bielorrússia, aliada da Rússia, como forma de dissuasão.