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Politica

Guerra entre Israel e Hamas coloca Angola e África do Sul em ‘trincheiras opostas’

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Pretória, uma das mais importantes capitais da SADC, e membro dos BRICS, cortou relações com Telavive, advogando que o exército judeu está a cometer genocídio na Palestina. Já Luanda, cujo sistema de inteligência e segurança é assessorado em parte pelos hebreus, cancelou, no início do mês, uma visita de seu Titular do Poder Executivo àquele parceiro africano, e mantém uma postura agradável aos olhos do governo de Benjamin Netanyahu.

As duas maiores potências militares e económicas da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) voltam a ‘pisar caminhos’ que se opõem uma a outra, 31 anos depois da normalização das relações, ocorrida com o fim do Apartheid e a ascensão do Congresso Nacional Africano (ANC) ao poder naquele país que nasceu Nelson Mandela, este que é tido como um dos maiores líderes morais e políticos mundiais dos tempos modernos.

A razão para o caminho diplomático oposto entre Angola e a África do Sul, cujos partidos no poder partilharam trincheira militar na luta para a independência de um e contra a segregação, por outro, é a guerra no Médio Oriente entre Israel e o Hamas, este último tomado por organização terrorista pelo Ocidente Alargado, e que conta com o apoio militar de várias milícias, e o suporte político e financeiro de diversos Estados da região.

Os sul-africanos não têm dúvidas de que Israel deve ser travado na sua investida contra o Hamas na Palestina, que deixa um rasto de destruição e morte assustadores, como referem diferentes líderes mundiais.

A posição de repúdio da África do Sul, território que agora se revela perigoso para os judeus, face ao aumento de antissemitismo, não é nova, mas se tem intensificado nos últimos dias, primeiro com a chamada de seus diplomatas em Telavive para consultas, e mais recentemente com o corte das relações determinado pelo Parlamento, a Legislatura Bicamaral do país, formada pela Assembleia Nacional e o Conselho Nacional de Províncias.

Pretória acusa o exército israelense de cometer genocídio. Para Israel, a África do Sul radicalizou-se, sendo que alguns observadores são do entendimento de que a nova forma de actuação sul-africana resulta do antagonismo entre o Ocidente e os BRICS, organização em que a África do Sul faz parte com a Rússia, China, Brasil e Índia.

Entretanto, diferente do seu parceiro africano junto da SADC, e com uma postura oposta a que tomou na guerra da Rússia de invasão à Ucrânia, Angola, cujo sistema de inteligência e segurança é assessorado em parte pelos hebreus, evita criticar Israel, embora lamenta as mortes, quer as da Palestina, quer as de judeus, resultante do ataque do Hamas a 7 deste de Outubro.

“As boas relações” entre Telavive e Luanda foram também destacadas no início da guerra pelo embaixador de Israel em Angola, Shimon Solomon, que apela à solidariedade.

E o cancelamento da visita do Presidente João Lourenço à África do Sul, em meio a presente ‘turbulência’ internacional, em que as grandes potências mundiais vão se desdobrando em busca de apoio, visando isolar um e outro, está a criar algumas especulações, dado que Angola passou a ser claramente um forte aliado dos Estados Unidos da América em África.

De referir que Luanda e Pretória são as mais importantes capitais da SADC, organização cuja criação, inicialmente, teve como objectivo contrapor o poder económico e militar da África do Sul, então sob regime do Apartheid, tendo a relação se normalizado no início da década de 1990 com o fim da segregação, e a ascensão do ANC ao poder.




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