Sociedade
Greve na Movicel afectou apenas os serviços comerciais da empresa
Trabalhadores da Movicel apresentaram-se, ontem de manhã, com cartazes anunciando a greve, nas instalações do edifício sede da empresa, Belas Business Park, município de Talatona, em Luanda. Os consumidores, em parte, não sentirão a greve, uma vez que, disseram os sindicalistas, os trabalhos normais da Movicel, serviços de telecomunicações, o NOC (centro de operações) mantêm-se funcionais. Entretanto, segundo o sindicato, parte dos serviços comerciais, ficaram paralisados, pelo que, em algumas lojas, quem quiser carregar o seu plano, por exemplo, não o conseguirá fazer. As lojas dos agentes autorizados continuam a prestar o serviço sem qualquer restrição.
Assembleia de trabalhadores “sem quorum suficiente”
No passado dia 03 de Maio, a direcção da Movicel fez chegar aos meios de comunicação social um comunicado no qual afirma não existirem elementos que sustentam a convocação desta greve de trabalhadores. A empresa sustenta que à Assembleia de trabalhadores do dia 21 de Abril, que sustentou a convocação da greve, não se fizeram presentes mais de 80% dos funcionários. Por não configurar matéria suficiente para a convocação da greve, segundo o comunicado, coloca-se em causa a legitimidade da comissão sindical. O comunicado assinado pelo director geral da Movicel, Gianvittorio Maselli, foi mais duro, alegando que o sindicato utilizou assinaturas de trabalhadores de outros momentos, de forma indevida, com o objectivo de levar a maioria dos trabalhadores a sustentar a realização da greve.
A comissão sindical, encabeçada por Costa Fernandes dos Santos, realizou uma conferência de imprensa no Sábado, 05, em Luanda, para responder ao comunicado da direcção da empresa. Ladeado por Taymara António, membro da comissão sindical para questões jurídicas, e de Pedro Matondo, secretário-geral do Sindicato dos trabalhadores dos Correios e Telecomunicações e afins de Luanda. O sindicalista afirmou que a direcção está equivocada quanto às assinaturas, e acusou a direcção não ter vontade de negociar os aspectos evocados no caderno reivindicativo. Os trabalhadores, disse, teriam sido intimidados e convidados a assinar um documento, como forma de se demarcarem da assembleia de 21 de Abril.
Movicel diz-se aberta ao diálogo
No seu comunicado, a Movicel afirma que são infundadas as acusações feitas pela comissão sindical sobre a suposta intimidação aos trabalhadores. A direcção diz aberta ao diálogo e que já se adiantou em alguns aspectos sob reclamação, como os subsídios de alimentação, transporte e de óbito, na ordem de 33 por cento. Os sindicalistas não desmentem, porém referem que alguns subsídios noticiados pela empresa não foram objecto de negociação. “Em nenhum momento negociamos um subsídio de óbito, até porque não consta no caderno reivindicativo”, referiu Costa Fernandes Santos.
Os trabalhadores exigem um aumento salarial na ordem dos 75%; a reavaliação e reenquadramento do pessoal na nova tabela salarial segundo as categorias até Novembro de 2016; a progressão de carreira; o reajuste do plafond de saúde e das ajudas de custos; determinação do montante do prémio de avaliação de desempenho e formação. Um aumento salarial na ordem dos 75 por cento, a reavaliação e reenquadramento do pessoal segundo a nova tabela salarial constante no caderno reivindicativo e entregue ao empregador em finais de Março. Face a esta situação, a Movicel demonstra-se compreensiva, porém não pode atender às reivindicações, sob pena de colocar em risco o pagamento dos salários e agravar o ambiente produtivo da empresa. Entretanto assinala que a empresa também vive os efeitos da crise económica e financeira, e provocou um processo de restruturação visando a reverter o quadro actual.
C/ OPAIS