Sociedade
Governo precisa melhorar condições das escolas, diz representante de movimento estudantil
O presidente do Movimento dos Estudantes de Angola (MEA), Francisco Teixeira, prometeu responsabilizar e abrir um processo-crime contra a ministra da Educação, Luísa Maria Alves Grilo, pela abertura do ano escolar, em regime presencial, sem alegadamente ter assegurado as condições de segurança sanitária necessárias nos estabelecimentos de ensino em fase de pandemia de covid-19.
“Estamos a criar condições junto dos nossos juristas, a fim encontrar meios para entrarmos com o processo de responsabilização criminal contra a senhora ministra. Isso poderá ser aqui ou nos órgãos internacionais, caso aconteça alguma coisa com uma criança pobre ou seja infectada pela covid-19”.
Em declaração ao Correio da Kianda, neste domingo, 04, Francisco Teixeira considera que “as condições que se exigem para uma abertura das escolas não foram criadas, principalmente, nas escolas públicas em todo país”. O activista estudantil entende que “a medida de regresso às aulas é meramente mercantilista e visa, simplesmente, encher os bolsos de muitos empresários que investiram no sector, com grande realce à ministra da Educação”, disse.
“Arrancar o ano lectivo em fase de pandemia, mesmo o Governo sabendo que 70% das escolas públicas estão sem auxiliar de limpeza e segurança e querem avançar com as aulas, é muita utopia”, rematou e acrescentou que por isso é que “estamos a dizer que caso alguma coisa acontecer a uma criança pobre, a senhora ministra será responsabilizada”, reforçou.
O MEA defende testes do coronavírus para todos os que regressem à escola “alunos, professores e pessoal auxiliar. “Só assim deveria se fazer reabertura das actividades lectivas em segurança”.
Para Francisco Teixeira, “o ensino presencial é essencial” para devolver alguma normalidade às escolas, já que “o ensino por tele-aulas e aulas transmitidas pela RNA, não atingiram os obectivos desejados” para alunos e professores.
De acordo com o líder, face à pandemia da covid-19 e ao risco de contágio das pessoas pelo novo coronavírus, detectado em Dezembro em Wuhan, uma cidade do centro da China, o início das actividades lectivas, entre os dias 05 e 28 de Setembro, deveria ser acompanhado de “medidas rigorosas que garantam que essa possibilidade seja reduzida ao máximo”, sublinhou.
O responsável dos estudantes admitiu que para as escolas particulares, as condições todas estão criadas: “os privados criaram as condições todas, nós concordamos com eles”, afirmou.
Fez saber que “por isso é que os governantes estão relaxados. As escolas aonde estudam os seus filhos já estão todas preparadas e o resto, que são os pobres, que se viram”, lamentou.
“Não podemos aceitar que a educação seja uma porta para alimentar as desigualdades”, apelou.
Francisco Teixeira reforça que com o regresso às aulas, “não há material de biossegurança e de higienização, não haverá distanciamento e não haverá pequenos grupos de alunos, principalmente nas aldeias dos centros dos municípios. O Ministério da Educação esteve quase seis meses a dormir”, acusou.