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Governo Guiné Bissau anuncia suspensão das actividades da Agência Lusa, RTP e RDP
O ministro da Comunicação Social guineense anunciou hoje, sexta-feira, a suspensão das actividades da RTP, da RDP e da Agência Lusa na Guiné-Bissau, alegando a caducidade do acordo de cooperação no sector da comunicação social assinado entre Lisboa e Bissau.
Segundo o ministro Víctor Pereira, as actividades vão ser suspensas à meia-noite de hoje.
Enquanto isso, jornalistas cabo-verdianos consideram no terça-feira infelizes declarações do Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, considerando o estadista guineense desconhece da imprensa de cabo Verde.
José Mário Vaz pediu segunda-feira aos jornalistas guineenses para contribuírem para a construção do país, evitando passar mensagens que ponham em causa a Guiné-Bissau.
O chefe de Estado apontou como exemplo o caso de Cabo Verde, afirmando que os jornalistas cabo-verdianos fazem censura aos discursos potencialmente prejudiciais à imagem do seu país.
“Aos jornalistas vou pedir só uma coisa. Vamos fazer como faz Cabo Verde. Se eu falar coisas que coloquem a Guiné-Bissau mal lá fora, cortem”, afirmou José Mário Vaz.
Em declarações à Rádio de Cabo Verde, a presidente da AJOC, Carla Lima, reagiu hoje com “estupefacção” à posição de José Mário Vaz, considerando que prova que o chefe de Estado guineense não conhece a realidade do país.
As declarações do chefe de Estado surgem depois de o Governo guineense ter mandado suspender as emissões da RTP e RDP-África no país, com efeitos a partir de sexta-feira.
A Guiné-Bissau está mergulhada numa crise política na sequência das eleições gerais de 2014.
Divergências entre as duas principais forças políticas no Parlamento guineense, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e o Partido da Renovação Social (PRS), levaram ao bloqueio da instituição desde há mais de ano e meio.
Por causa disso, sucessivos governos não conseguiram fazer aprovar os seus planos de acção ou propostas de orçamento.
O PAIGC, partido vencedor das últimas eleições legislativas, mas afastado do poder devido às divergências com o Presidente guineense, defende a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições gerais antecipadas.