Sociedade
Governo deixa de entregar autocarros a privados
O Governo angolano vai pôr fim ao modelo de atribuição de autocarros a operadores privados, marcando uma mudança estrutural na gestão do transporte público no país.
A decisão, anunciada pelo ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, representa uma viragem na forma como o Estado pretende organizar o sector e garantir um serviço verdadeiramente público.
O ministro explicou que o actual sistema, no qual primeiro o Ministério e depois os governos provinciais distribuíam os meios aos operadores privados, deixou de ser sustentável. Segundo Ricardo de Abreu, muitos operadores actuam “na zona de oportunidade de volume” e não por compromisso com o serviço público, o que distorce o propósito da mobilidade urbana.
Com esta mudança, prevista para ser implementada nos próximos 18 meses, os operadores privados deverão adquirir os seus próprios meios, deixando de depender da atribuição estatal. O governante sublinha que o transporte público é uma responsabilidade política e não pode ter como pilares principais entidades privadas que tendem a especular.
Nos últimos cinco anos, foram distribuídos 2.293 autocarros 1.045 apenas para Luanda, mas o tempo de vida útil destes meios em Angola é de apenas três a cinco anos, devido a dificuldades de manutenção e custos operacionais elevados.
O Governo prevê ainda medidas de curto e médio prazo para melhorar a mobilidade, incluindo reforço imediato da frota actual, reforma do modelo tarifário e arranque dos projectos de sistemas de alta capacidade, como o BRT e o metro de superfície.