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Economia

Governo aprova plano de reestruturação do BPC

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O Banco de Poupança e Crédito (BPC), o maior banco nacional e com uma carteira de crédito malparado de mais de mil milhões de dólares, vai avançar com um plano de recapitalização e reestruturação, já aprovado pelo Governo.

De acordo com uma informação disponibilizada esta sexta-feira à Lusa, em Luanda, pelo Ministério das Finanças de Angola, este plano já foi aprovado em reunião conjunta das comissões Económica e para a Economia Real do Conselho de Ministros, a 9 de março, devendo agora ser agendada uma assembleia de acionistas para deliberar sobre a sua execução.

O Plano de Recapitalização e Reestruturação do BPC é da responsabilidade do Ministério das Finanças, em representação do Estado, enquanto acionista maioritário, mas não foram adiantados pormenores, além injeção de capital público já aprovada. “Com esta iniciativa, procuram os acionistas do BPC, em total coordenação com o regulador, assegurar a solidez e robustez do Banco, bem como garantir a estabilidade financeira do sistema bancário nacional”, informa o Ministério das Finanças.

O BPC é um dos maiores bancos nacional e há cerca de um ano apresentava uma carteira de crédito vencido superior a mil milhões de dólares, tendo o Ministério das Finanças anunciado que seria alvo de um processo de reestruturação e saneamento. São acionistas do BPC o Estado, representado pelo Ministério das Finanças, o Instituto Nacional de Segurança Social e a Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas.

A Lusa noticiou a 8 de fevereiro que o Governo vai realizar um aumento de capital no BPC de pelo menos 380 milhões de euros. De acordo com um decreto presidencial, o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, autoriza a emissão especial de Obrigações do Tesouro em Moeda Nacional a favor do BPC, “de maneira a possibilitar que o mesmo cumpra na plenitude a missão para o qual foi criado”.

A emissão, lê-se no mesmo documento, será no valor de 67.500 milhões de kwanzas (mais de 380 milhões de euros), a entregar “diretamente ao BPC, pelo valor facial, sem desconto, como aumento de capital, desta maneira potencializando os rácios prudenciais do banco e possibilitando assim a expansão das suas atividades creditícias”.

“O banco vive um momento muito particular da sua história. Queremos sanear e reestruturar o BPC. Vamos fazê-lo para que o banco sirva convenientemente o Estado, seu único acionista”, disse em outubro passado o ministro das Finanças, Archer Mangueira. Na mesma altura foi empossada uma nova administração no banco estatal, que passou a ser liderado por Cristina Florência Dias Van-Dúnem, que até maio foi vice-governadora do Banco Nacional de Angola, sendo agora presidente do conselho de administração e administradora não executiva da instituição.

A Lusa noticiou a 23 de setembro último a emissão, também pelo Estado angolano, de 231.127 milhões de kwanzas (1,3 mil milhões de euros) em dívida a favor da sociedade pública criada para gerir alguns ativos financeiros daquele banco estatal. A sociedade anónima de capitais públicos Recredit foi criada enquanto participada a 100% pelo Ministério das Finanças, tendo sido apelidada pela imprensa local como uma espécie de “banco mau” do BPC.

“A criação de um bom futuro para o BPC exige que não se esqueçam os ensinamentos do passado. O Estado tem investido, e vai investir, recursos avultados no BPC. As senhoras e senhores administradores têm que ser os primeiros guardiões desses recursos e da sua boa utilização, em benefício do interesse nacional”, enfatizou anteriormente o ministro das Finanças de Angola.

O activo total do BPC está avaliado em 1,399 biliões de kwanzas (7,8 mil milhões de euros). O BPC conta com mais de 5.200 trabalhadores e 400 agências para um total de clientes superior a 2,2 milhões, mas viu os resultados líquidos descerem quase 7% de 2014 para 2015, para 8.289 milhões de kwanzas (46,7 milhões de euros).

Do total de crédito contabilizado até ao final de 2015 pelo BPC, 218.418 milhões de kwanzas (1,2 mil milhões de euros) correspondiam a crédito vencido, por sua vez um aumento de quase 84% igualmente em dois anos e 16,1% tendo em conta o registo de 2014.