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Gays, Paris e OMS: mundo mantém-se volátil às ondas de mudanças nos EUA

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O novo Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, aprovou, logo no dia de sua tomada de posse, precisamente nessa segunda-feira, 20, a retirada do país do Acordo de Paris, o fim do reconhecimento de mais gêneros para além do masculino e feminino, bem como a saída da OMS. De referir que, no passado, diferentes países africanos chegaram, durante anos, a ser política e diplomaticamente molestados pelo facto de adotarem leis contra a homossexualidade.

Até quando? É a pergunta que não se quer calar quando o assunto são as volatilidades das posições norte-americanas sobre questões que têm implicância planetária.

Donald Trump voltou à Casa Branca, depois de lá ter estado entre 2016 e 2020. Entretanto, parece mais radical ou decisivo em comparação ao mandato supra. E como consequência, o resto do mundo, sem capacidade de contestação, vai adaptando-se às suas vontades e o poder de sua Administração.

E ao mesmo tempo, este resto do mundo, em que se incluem poderosas Nações europeias, vão alimentando a esperança de que um democrata venha a substituir o republicano Donald Trump, em 2028.

Portanto, em face do que nos é dado a ver, não há dúvidas de que o mundo anda de acordo com as mudanças voláteis nos EUA. Por exemplo, o Acordo de Paris, que visa a adoção de métodos para contrariar o aquecimento global, passando pela redução dos gases de efeito estufa, e mais investimento em energia limpa, foi assinado em França, em 2015, sobre o qual subscreveram 196 Nações, entre os quais os Estados Unidos da América, então liderados pelo democrata Barack Obama.

Entretanto, a posição de Washington em relação ao acordo alterou-se com a entrada de Donald Trump ao poder pela primeira vez em 2016. Depois de várias ameaças, Trump chegou de retirar o país do acordo em Novembro de 2020.

Os Estados Unidos voltaram a mudar de posição em relação ao compromisso com as questões climáticas em 2021, já no mandato do democrata Joe Biden. O Presidente, que deixou a liderança da Nação mais poderosa do mundo a 20 deste mês, assinou o decreto de retorno dos EUA ao Acordo de Paris em 2021, precisamente na primeira semana do início do seu então mandato.

O mundo, sobretudo a Europa ocidental, congratulou-se. Desta vez, com o regresso de Donald Trump à Casa Branca, os EUA voltaram a sair do acordo.

Inoperantes, os outros subscritores do acordo estão à espera que o mandato de Trump, que só agora começou, termine para que os EUA regressem ao compromisso, quando deveriam estudar métodos de como lhe dar com a situação do clima sem a participação dos EUA, ou ainda criarem regras não que impeçam os EUA de regressarem ao acordo assim que o desejarem, mas que torne meio complexo o seu regresso, com aplicação de multas para membros que tenham abandonado e desejam retornar, por exemplo, ou ainda a obrigação de aguardar por mais um ano após o pedido para a subscrição outra vez. E não ficar-se preso nos desejos voláteis dos actores políticos norte-americanos.

A situação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é outra questão relevante e que deve ser apreciada com rigor e coragem. Em julho de 2020, em meio à pandemia de Covid-19, Trump ordenou a retirada formal da organização pela primeira vez, congelando os repasses de dinheiro ao organismo. No entanto, a decisão acabou sendo revertida por seu sucessor, o democrata Joe Biden.

Agora, Janeiro de 2025, Trump voltou a retirar os EUA da OMS. A ordem executiva assinada por ele menciona também a “má gestão da pandemia de Covid-19 pela organização que surgiu em Wuhan, na China, e outras crises globais de saúde, sua falha em adotar reformas urgentemente necessárias e sua incapacidade de demonstrar independência da influência política inapropriada dos estados-membros das OMS”.

Não são apenas o Acordo de Paris e a OMS que tiveram um revés. A comunidade LGBT, de defesa à liberdade de opção sexual, também se vê afectada por Donald Trump e pela América, dado que os decretos presidenciais servem de governação para os EUA no seu todo.

A partir de deste momento, os EUA, a Nação que em conjunto com os países europeus, são os maiores defensores da homossexualidade, decidiram passar a reconhecer apenas dois gêneros, o masculino e feminino. Ou seja, homens se sentindo mulher deixarão de praticar desportos nas equipas femininas, e deixam de ter direitos reservados às mulheres.

O que se espera é que vários outros países deverão seguir o mesmo caminho.

O presente texto, entretanto, não tem o condão de defender o direito dos LGBT, mas serve de alerta para os riscos de ceder à certas pressões, dependendo de quem está à testa da Casa Branca.

Por exemplo, muitos países africanos movimentaram-se em fazer aprovar leis a favor da homossexualidade, em muitos casos não porque entendiam ser importante respeitar a liberdade de opção sexual, mas por pressão de países ocidentais, além do facto de tal ideia revelar-se numa tentação para demonstração de evolução ante os países liberais da Europa e dos EUA.

Alguns países africanos, inclusive o Zimbabué, chegaram a sofrer sanções por desrespeito aos direitos humanos, que incluíam a não observância do direito gay.

Essa nova abordagem dos EUA em relação a diferentes temas mundiais deve levar os países à reflexão, sobretudo africanos, de que existem perspectivas e crenças pelas quais não se devem abrir mão tão facilmente, sob pena de virem a ser, embora de forma indirecta, governados por actores alheios ao continente.




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