África
G20 termina com compromissos climáticos e diplomacia dividida
Terminou este domingo, na cidade de Joanesburgo, África do Sul, a cimeira do G20 com um debate centrado na capacidade do grupo para actuar num contexto que vários dirigentes descreveram como fragmentado.
“Como o G20 pode sobreviver num mundo em fragmentação”, foi o tema de abertura da cimeira das dezanove maiores economias do mundo e a União Africana, amplamente discutido pelos líderes.
Os Estados Unidos da América não se fez presente, depois do governo ter rejeitado participar com alegações de que as prioridades da presidência sul-africana, incluindo a cooperação em comércio e clima, contrariavam a sua política. Também não participaram o presidente argentino, Javier Milei, nem a presidente do México, Claudia Sheinbaum.
Dezenas de líderes de economias da Europa, China, Índia, Japão, Turquia, Brasil e Austrália estiveram presentes na primeira reunião do G20 realizada em África, incluído o presidente da União Africana. O grupo reúne 19 países, a União Europeia e a União Africana, que representam cerca de 85% do PIB mundial e dois terços da população global.
No sábado, 22 de Novembro, os dirigentes adotaram uma declaração conjunta onde afirmam que se reuniram “em um contexto de crescente competição e instabilidade geopolítica e geoeconómica, intensificação de conflitos e guerras, profundar da desigualdade e aumento da incerteza económica mundial e fragmentação”.
No seu discurso, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, reconheceu “desafios”, mas considerou que o grupo “sublinha o valor da relevância do multilateralismo”.
À RFI André Julião, membro da Amnistia Internacional, afirmou que os países do G20 têm, com raros compromissos internacionais, de colocar a humanidade em primeiro lugar e priorizar uma liderança global baseada em princípios, para que os direitos humanos sejam assegurados.
“Até porque assistimos cada vez mais a práticas autoritárias em todo o mundo, desde guerras que devastam a vida de milhares de pessoas a um número alarmante e crescente de líderes mundiais que estão a arrastar a humanidade por um caminho perigoso, e espera-se que não sem retorno”, disse.
Com base nisso, André Julião disse que agora espera-se que o G20 dê um passo em frente, faça o que está certo, combatendo as crises globais, nomeadamente as alterações climáticas induzidas pelo homem.
Por outro lado, um aumento massivo do financiamento climático para os países de rendimentos mais baixos, que são os que mais sofrem com as alterações climáticas e os que menos contribuem para elas.
“Nós precisamos que os líderes mundiais estabeleçam caminhos claros para a eliminação total, rápida, justa e financiada dos combustíveis fósseis”, referiu, acrescentando a necessidade de se protegerem os defensores dos direitos humanos, nomeadamente dos direitos humanos ambientais, e combatam as crises globais derivadas das alterações climáticas, sobretudo nos países de baixos rendimentos que estão sujeitos a ameaças globais crescentes.”
A organização Oxfam declarou que “a África do Sul deu um exemplo ao mundo” ao garantir que o G20 mantivesse uma declaração comum “apesar da poderosa oposição”. Já o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que “o G20 poderá estar a chegar ao final de um ciclo”.
A presidência rotactiva do G20 passa agora para os Estados Unidos, que vão organizar a próxima reunião em Miami, em 2026.