Politica
Fundação Jonas Savimbi: A estratégia que estremece a direcção da UNITA
A julgar pelas ausências de peso na apresentação pública da Fundação Jonas Savimbi, o líder fundador inquestionável da UNITA, a quem milhares de jovens doaram sua energia e força, torna evidente a falta de sintonia entre a actual gestão do ‘galo negro’ e Isaías Samakuva (líder da Fundação), que desde que largou a presidência do partido, não se lhe conhece uma palavra de conforto, defesa e apoio à direcção que o substituiu.
Foi nessa terça-feira, 02, apresentada ao público, a Fundação Jonas Savimbi, e os seus objectivos. Coube a Isaías Samakuva, na qualidade de coordenador da organização, não só a apresentação da entidade e o foco a perseguir, mas também a explicação em detalhe das razões e a perspectiva histórica da concepção.
Jonas Savimbi, líder fundador da UNITA, sobre quem é criada a referida organização em sua homenagem, é a figura de maior consenso na UNITA. Não foi apenas o fundador e presidente da organização, foi/é tido como pai, irmão e tio de todos sob o manto da UNITA. O facto pode ser comprovado pela diversificação de extractos sociais, económicos e políticos (até aqueles que o haviam abandonado e que se tornaram deputados e membros do BP do MPLA), que se fizeram reunir no processo de enterro das suas ossadas, no Bié.
Tendo o exposto em atenção, a ausência de quadros de peso da UNITA na apresentação pública da Fundação, deixa evidente a existência de crispação entre os criadores da então tão aguardada fundação (com Isaías Samakuva à mistura) e a actual direcção do partido.
Fica nítido, que até os chamados ‘Mais velhos’, aqueles a quem lhes são depositado respeito e admiração pelo que fizeram para que UNITA suportasse o contexto geopolítico global do século passado, não estão de acordo com a engenharia utilizada para a criação da Fundação Jonas Savimbi, e suspeitam de seu real objectivo.
Não era esperado que a Fundação Jonas Savimbi fosse criado às costas da UNITA. Para diferentes segmentos da sociedade, a dimensão de Jonas Savimbi obriga a que uma solução dessa fosse tratada a nível da Comissão Política e do seu Comité Permanente do partido, e não foi o que aconteceu.
Por que o medo e as suspeitas?
Durante a apresentação pública da Fundação, Isaías Samakuva, antigo presidente da UNITA, disse ter informado ao presidente do partido, Adalberto Costa Júnior, sobre todos os passos que estava/pretendia dar no quadro da concepção da Fundação, mas não fez saber as respostas que recebeu do presidente nas diversas ocasiões em que abordou o assunto.
Informações postas a circular dão conta de que Adalberto Costa Júnior sugeriu a Samakuva que o ideal era reunir outros importantes quadros do partido para ver a melhor maneira de criar a fundação, dado que se trata da maior figura do partido, e que não era necessário recorrer-se ao Presidente da República. Se verdadeiro ou não, o que é facto é que Isaías Samakuva seguiu o caminho traçado por ele próprio.
Ademais, apesar de a UNITA ter um líder resultado de um processo eleitoral interno, parece que as campanhas eleitorais internas continuam, vários quadros remeteram-se em hibernação política, e há suspeitas de que todos esses são da ala Samakuviana, que manifestam certa alergia para com Adalberto Costa Júnior, este que elevou a UNITA para patamares político nunca antes visto desde 2003.
Em muitos círculos, vaticina-se que a Fundação, cuja apresentação pública por Isaías Samakuva, mereceu 4 minutos e 10 segundos do principal serviço noticioso da TPA, poderá operar como uma espécie de oposição à UNITA, ou seja, não em acções políticas, dado que não é a sua vocação, mas de desvio de atenções, e que não pode surpreender a ninguém se vier, no quadro da reconciliação nacional, a ocupar o lugar deixado vago pela UNITA no CIVICOP.
Isaías Samakuva, coordenador da Fundação, é uma figura de prestígio na UNITA, pelo trabalho que desenvolveu ao longo de sua presidência, mas pode perder essa imagem construída com sacrifício se continuar, como se sublinha, a seguir o caminho que o coloca sob constantes suspeições de seus camaradas do partido.
É que desde que largou a direcção da UNITA, não se lhe conhece uma palavra de apoio a Adalberto Costa Júnior, seu substituto. Nem mesmo quando o mesmo esteve sob fogo da imprensa e de vários segmentos durante as eleições de 2022.
A par disso, do antigo presidente da UNITA Isaías Samakuva, aparentemente o único quadro da UNITA que tem porta aberta no Palácio Presidencial, não se conhece uma crítica direccionada ao Governo do Presidente João Lourenço, que é igualmente líder do MPLA, partido que a UNITA, a qual Samakuva pertence, pretende substituir da governação.
Objectivo da Fundação Jonas Savimbi
De acordo com a comunicação do coordenador da Fundação Jonas Savimbi, a organização tem como objectivo apoiar portadores de deficiência, mulher rural, dedicar-se aos esforços de desminagem, contribuir para melhoria de vida dos cidadãos, emprego para portadores de deficiência, saneamento, protecção do ambiente, bem como apoiar pesquisas de obras de Savimbi e de outras personalidades.
Visará também apoiar eventos teatrais e culturais, promover viagens e estudos com outras instituições nacionais e internacionais, e apoiar iniciativas que visam preservar valores africanos, além de conceder bolsas de estudos, e prémios de estímulos às pessoas que tenham contribuído para obra de Jonas Savimbi.
Ndombasi Mayaputu António Sebastião
03/07/2024 em 11:18 pm
Grato por esta recordaçao por aquele que muito fez para acordar e abrir olhos atodos angolanos, na reclamaçao dos seus direitos fundamentais, apesar das circunstâncias. Parabéns a unita e aos angolanos.obgdo.
Augusto Tchual
04/07/2024 em 1:13 am
Jamais será esquecido o homen que despertou a juventude Angolana