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Eleições 2022

“Funcionamento das instituições não se esgota no voto” – Marcelo Rebelo de Sousa

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O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, fez este pronunciamento, hoje, na sua chegada a Luanda, para a ceremónia de investidura do Presidente da República, eleito no pleito de 24 de Agosto último, dizendo que o funcionamento das instituições não se esgota no voto e que os povos “querem ter as suas opiniões expressas no parlamento”.

Marcelo Rebelo de Sousa chegou esta manhã a Luanda para assistir à investidura do Presidente eleito, João Lourenço, cerca de duas semanas depois de ter estado na capital angolana para as cerimónias fúnebres do ex-Presidente José Eduardo dos Santos.

“Em sistemas políticos abertos há fenómenos naturais. Um é que nos parlamentos haja várias vozes, de pesos diversos, e aproveitem os seus lugares para exprimir as suas posições. Isso dá uma força muito grande à vivência cívica e política”, disse o estadista Português, citado pela agência Lusa.

O MPLA, partido que governa Angola desde a independência em 1975, venceu as eleições de 24 de agosto, com o pior resultado de sempre, conquistando 124 mandatos, enquanto a UNITA obteve o maior número de deputados da sua história, ganhando 90 assentos, mas contesta os resultados eleitorais oficiais.

Questionado sobre a possibilidade de os deputados da oposição angolana não tomarem posse, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que “os povos querem ter as suas várias opiniões expressas no parlamento”, tal como “no dia-a-dia os cidadãos vão também exprimindo as suas opiniões”.

“Isso faz parte da riqueza da vivência política, em paz, que é uma realidade que todos nós prezamos muito”, sublinhou.
No seu entender, “é bom que haja pontos de vista diversos e que se vão manifestando, uns maioritários, outros minoritários”, em função da evolução dos acontecimentos, que determina também aquilo que vai sendo a vontade do povo.

“O povo vota, mas o funcionamento das instituições não se esgota no voto, depois há o trabalho do dia-a-dia, as leis que se fazem, os deputados políticos, a evolução das circunstâncias”, notou o Presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa destacou também que “a história não para nunca num momento determinado”.

“Não há um fim da história, há sempre mais história para lá do fim da história. Até a mim já me aconteceu isso tantas vezes, parecia o fim da história, na minha vida e nos setores políticos onde estava, e depois afinal havia mais história. Essa realidade é muito viva”, comentou.

João Lourenço toma posse na quinta-feira, após umas eleições disputadas em Angola, em que os partidos da oposição não reconheceram os resultados oficiais anunciados pela Comissão Nacional Eleitoral e se mostram divididos quanto à tomada de posse.

Quanto a João Lourenço, terá certamente de se recriar neste novo mandato, comentou Marcelo Rebelo de Sousa: “O Presidente foi reeleito em circunstâncias diferentes, apontando para um contexto internacional que se deseja diferente, e em função disso as mesmas pessoas
nunca são iguais, acabam por ter de se recriar porque as circunstâncias não são iguais. Todos nos recriamos um pouco, todos os dias, em política”, destacou.