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França: empregada de limpeza derrota ministra e chega a Deputada nas legislativas

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Uma empregada de Limpeza de hotel, que liderou a greve de trabalhadores de limeza do hotel Ibis Batignolles na capital francesa, París, que por 22 meses protagonizou greve por melhores condições salariais entre 2019 e 2021, chegou à Deputada, depois de ter derrotado a antiga ministra dos desportos.

Trata-se da cidadã Rachel Kéké, natural de Abidjan, Costa do Marfim, que vivem em França desde 2000, que alcançou uma das vitórias da aliançade esquerda do círculo eleitoral de Val de Marne, a sul de París, ao derrotar a sua opositora directa, a antiga ministra dos Desportos de França, Roxana Maracineanu, no domingo 19.

No discurso de vitória, Rachel Kéké, empregada de quartos, começou por agradecer a todas as pessoas que votaram nela e lhe atribuiram um voto de confiança.

“A minha vitória é histórica. Estou muito emocionada, quanto à campanha que fiz. Aproveito para agradecer a toda a gente, as pessoas que votaram para mim e que me deram a sua confiança. Eu sabia que ia ganhar estas eleições porque sou um grande símbolo”, começou por referir, após ter sido eleita, cita a RFI.

No sétimo círculo eleitoral de Val-de-Marne, Rachel Kéké obteve 50.3% dos votos contra 49.7% de Roxana Maracineanu e venceu com uma diferença de menos de 200 votos. Esta vitória resulta de um trabalho que tem vindo a ser desenvolvido nos últimos meses, rumo a este resultado, conforme explicou.

“Lutei nestes 22 últimos meses, sabia que tinha de lutar contra a ministra dos desportos, mas não tive medo, porque acreditei em mim. Tenho uma muita boa equipa em meu redor, fizemos um excelente trabalho e hoje vemos o resultado”, rematou.

Com 47 anos, a francesa nascida na Costa do Marfim define-se como uma “guerreira” e quer “fazer-se ouvir” no Palácio Bourbon. Na celebração da vitória, frente aos seus apoiantes, disse:

“Esta noite, sou uma deputada, deputada eleita, não consigo dizer a palavra: deputada! É isso? “De-pu-ta-da”!

“Eu sou a voz dos sem voz. Sou empregada de quartos, sou empregada de limpeza, agente de segurança, auxiliar de saúde, assistente ao domicílio, sou todas estas profissões invisíveis. E na Assembleia Nacional, estas profissões serão visíveis”, lê-se no site da Euronews.

Uma apoiante, Amel Matouk, manifesta a sua alegria: “O facto de ver uma mulher de cor, uma empregada de limpeza, uma mulher corajosa, chegar à Assembleia Nacional, para mim, é tão simbólico; para mim, já é uma vitória”.

Mãe de cinco filhos, Rachel Keke nasceu em 1974 em Abobo, a norte de Abidjan, de uma mãe que vendia roupa e de um pai que conduzia um autocarro. Chegou a França em 2000 e foi naturalizada em 2015.

Recorde-se que as eleições legislativas tiveram lugar este domingo. Emmanuel Macron perdeu a maioria absoluta na Assembleia Nacional Francesa.

A Coligação Juntos, encabeçada pelo partido Renascimento, do Presidente, obteve 234 assentos na Assembleia Nacional Francesa. A maioria absoluta seria atingida aos 289 lugares.

Já a coligação de esquerda NUPES, que junta socialistas, comunistas e ecologistas, e que é liderada por Jean Luc-Melénchon, foi a grande surpresa da noite. Conseguiu o segundo lugar nestas legislativas com 141 assentos e torna-se assim a principal força da oposição.

Outra grande vencedora da noite foi Marine Le Pen. O partido de extrema-direita, ‘A União Nacional’ conseguiu um resultado histórico nestas eleições e torna-se assim a terceira força política na Assembleia Nacional. Nas legislativas passadas, ocupava apenas 8 lugares. Neste escrutínio, conseguiu 89 cadeiras.

As eleições legislativas francesas acontecem a duas voltas.