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França: centristas liderados por Emmanuel Macron caem do governo para o terceiro lugar
A aposta eleitoral do presidente saiu-lhe espectacularmente pela culatra, dizem especialistas, aos quais, o chefe de Estado francês é o responsável da humilhação por que passou o primeiro-ministro do país com a inequívoca derrota. Entretanto, as reacções não se fizeram esperar, e já há manifestações ‘brutalmente’ violentas.
A coligação centrista liderada pelo partido Renascimento de Emmanuel Macron, que governa a França, perdeu as eleições do último dia (30) de Junho, nesse domingo. Os centristas não só perderam as eleições, passaram de principal força política para a terceira.
A extrema-direita, composta pela União Nacional (RN) de Marine Le Pen e seus aliados, venceu a primeira volta das eleições legislativas com pouco mais de 34% dos votos.
Atrás da extrema-direita está a aliança de esquerda, Nova Frente Popular, com mais de 28%, e só depois vem os centristas de Macron com 21%.
“O bloco macronista” está “praticamente apagado“, afirmou Marie Le Pen, numa primeira reacção aos resultados.
A segunda-volta das eleições estão marcadas para o dia 7 deste mês, tendo já o primeiro-ministro, o jovem Grabriel Attal, a convidar uma união para que o partido de Le Pen não chegue ao poder.
Embora tenha saído em terceiro lugar, os centristas ainda podem concorrer na segunda volta, dado que o sistema francês permite que candidatos que obtenham mais de 12,5% dos eleitores registados em seu distrito cheguem ao segundo turno.
Por que Emmanuel Macron convocou eleições antecipadas?
O presidente francês dissolveu o Parlamento e convocou eleições antecipadas, por conta dos resultados das eleições europeias, que deu vitória à direita e à extrema-direita em vários Estados da geografia da União Europeia.
Macron não era obrigado a fazê-lo, mas o fez talvez pensando que a situação seria alterada expondo o alegado mal que a extrema-direita representa para a democracia na Europa. Entretanto, a estratégia saiu-lhe espectacularmente pela culatra, dizem especialistas, aos quais, o chefe de Estado francês é o responsável da humilhação por que passou o primeiro-ministro, Gabriel Attal, com a inequívoca derrota.
As reacções aos resultados eleitorais não se fizeram esperar, e já há manifestações ‘brutalmente’ violentas, com detenções e vandalismo de bens públicos e privados, à mistura.
E os mercados estão trémulos face à ascensão da extrema-direita. O cepticismo dos investidores dos mercados financeiros prende-se por um lado pela imprevisibilidade da extrema-direita, bem como pelas propostas económicas apresentadas no período da campanha
A França tem um dos déficits mais altos da zona euro e corre agora o risco de não cumprir as novas regras fiscais da Comissão Europeia, que tinham sido suspensas para ajudar os países a se recuperar da pandemia de Covid-19 e da crise energética provocada pela guerra na Ucrânia. As despesas públicas francesas poderão em breve ser limitadas por Bruxelas.
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