Sociedade
Fome em Benguela obriga populares a abandonarem suas zonas de cultivo
A luta pela sobrevivência tem estado a obrigar dezenas de famílias, em Benguela, provenientes dos municípios do Cubal e Ganda, a submeterem-se a um trabalho análogo a “escravidão” nas fábricas e campos de cultivo situados na zona do Dombe Grande, com remunerações mensais não acima dos oito mil kwanzas.
Provenientes das povoações da Yambala, Capupa e Caimbambo, regiões do interior de Benguela assoladas pela seca, o número de famílias a abandonarem as suas terras e zonas de cultivo para dedicarem ao serviço de biscates no litoral de Benguela, tem estado cada vez mais a aumentar.
Com a crise alimentar que se abateu sobre as comunas e municípios, para sobreviver à falta de alimentos devido a situação da seca, enquanto alguns sustentam-se a base de folhas e frutos silvestres, outros, a saída tem sido vender os seus bens, como cabritos e gados, para servir de passagem para deslocarem-se ao interior da província, em busca de melhores condições de vida.
“Não temos outra saída. O sofrimento no Caimbambo está demais. A fome está a apertar e as lavras estão a secar”, disse ao Correio da Kianda, nesta quinta-feira, Laurinda Ndavoka, cidadã de 40 anos, que teve de percorrer quilómetros à pé até Benguela, a fim de procurar uma vida melhor.
As localidades da Equimina, Baía-Farta e Dombe Grande, onde se podem encontrar campos de cultivo com produções agrícolas em grande escala, assim como fábricas e peixarias, tem sido o refúgio dos oriundos das comunas do Cubal e da Ganda, onde trabalham sobre forte exploração humana, com salários mensais que rondam entre os 8 e 12 mil kwanzas.
“Aqui estamos a trabalhar como se fôssemos escravos. Nos levam de manhã no campo para ir trabalhar, sem comer quase nada. Não temos como reclamar porque quem reclama lhe chotam”, revelou ao Correio da Kianda, um jovem que falou sob-condição de anonimato.
Entretanto, uma fonte junto do Governo Provincial de Benguela contactada pelo Correio da Kianda, garantiu ser do conhecimento do governador Rui Falcão a situação da seca nas localidades do Caimbambo e Capupa, pelo que o governo local já informou a situação ao Governo Central.
Por: Dumbo António