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Família de Jomance irritada devido à manipulação de foto

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A irritação de Lessy Maura Garcia, exteriorizada numa mensagem que publicou na sua página do Facebook, no último dia de Outubro, surgiu na sequência da divulgação de uma fotografia que a jovem disse ter sido manipulada por alguém de má-fé, para fazer crer que o retrato, em que aparece o primo, foi tirado na sala da casa da jornalista, a fim de alimentar ainda mais os mexericos de que os dois assassinados cruelmente pudessem ter tido uma relação amorosa, uma possibilidade que, até prova em contrário, não é descartada.

“As pessoas são maldosas, umas piores do que outras”, lê-se na mensagem de Lessy Maura Garcia, que confirmou estar a família a receber “mensagens muito feias”, dando a entender que “uns sentem o prazer de pisar ainda mais onde já dói muito”.

A prima disse não ter dúvidas de que a fotografia, cuja montagem a irritou, não foi tirada em casa da jornalista, nem esta aparece na  foto original, mas sim na moradia de uma tia de Jomance Muxito, cujo nome não faz referência na sua mensagem de repúdio publicada no Facebook.

Na foto original aparece o jovem Jomance Muxito e ao lado de si está um aparador, sobre o qual estão três molduras com fotografias de família, sendo que uma das molduras é que está na origem da montagem que Lassy Maura Garcia diz ter sofrido a fotografia. 

Sobreposta à fotografia original foi colocada um retrato em miniatura, com imagens de Beatriz Fernandes e do esposo, tiradas no dia do enlace matrimonial, tendo o pequeno retrato ficado envolto num círculo com uma seta, que é levada em direcção a uma das três molduras onde se encontra um casal, como se desse a entender que se trata das mesmas pessoas.
“Montagens como esta chegam a toda a hora”, revelou a prima de Jomance Muxito, que sugeriu às pessoas para fazerem “zoom” à fotografia se quiserem ter a certeza de que as pessoas que estão no pequeno retrato sobreposto à fotografia onde aparece o primo Jomance Muxito não são as que se encontram numa das molduras que estão na sala da moradia que alguém que fez a montagem quer fazer crer que é da falecida jornalista Beatriz Fernandes, que completaria amanhã 42 anos.     

O apelo da prima de Jomance Muxito recebeu várias mensagens de solidariedade no Facebool, uma das quais vinda de uma cidadã que se identifica como Iolanda Hyogarde de Barros, que escreveu: “nem sabem fazer montagens. É óbvio que esse retrato não é de Beatriz Fernandes e do marido porque a mulher do quadro está de vestido de alça e o homem de terno azul”, ao contrário da fotografia sobreposta, como se fosse uma cópia da fotografia emoldurada.

“O jovem só tem três dias debaixo da terra e já fazem isso?”, interrogou-se a internauta Marta Carlos, para quem “estão mesmo a ferir a sensibilidade da família e desrespeitar a memória de Jomance”, cujo corpo foi enterrado na província de Malange, sua terra natal, dois dias  antes do enterro do corpo da jornalista, no cemitério do Alto das Cruzes, em Luanda. Jomance Muxito viveu com os pais na Rua da Polícia, na cidade de Malanje, onde frequentou o ensino primário e secundário, na Escola Esquadrão Bomboco e no Liceu Sagrada. Em 2010, partiu para a província de Luanda a fim de dar continuidade à sua formação académica. Jomance Muxito, no dia do seu funeral, foi caracterizado, no elogio fúnebre, como uma pessoa paciente, simples, humilde e de trato fácil, daí ter feito muitos amigos.

Um dia antes do seu assassinato, Jomance Muxito, que deixa órfãs duas filhas, uma de cinco anos e outra de dez, escreveu, pela ultima vez, na sua página do Facebook, tendo deixado uma mensagem que, ao que tudo indica, enigmática: “Já lutei tanto por amor. Agora vou só já acudir”, lê-se na mensagem escrita por Jomance Muxito, que já não está no mundo dos vivos  para decifrar o seu conteúdo. Beatriz Fernandes e Jomance Muxito foram assassinados na noite de 25 de Outubro, depois de terem sido raptados, no mesmo dia, com os dois filhos da jornalista, que acabaram por ser abandonados na via pública e levados por alguém, cuja identidade nunca foi revelada pela Polícia,  para uma unidade da Brigada Especial de Trânsito (BET), localizada na Via Expresso.
Os corpos das vítimas foram encontrados, no dia seguinte, no interior da viatura da jornalista, abandonada pelos autores do duplo homicídio depois do Quilómetro 30, município de Viana.
A investigação ao duplo homicídio, cujo caso se tornou mediático ainda por altura do rapto, de que se tomou conhecimento através das redes sociais, utilizadas pela família da jornalista para fazer o alerta, está a ser feita pela direcção nacional do Serviço de Investigação Criminal em função do grande impacto que o caso ganhou na sociedade luandense. Quando se fez o alerta nas redes sociais apenas se dizia que estavam a bordo da viatura a jornalista e os seus dois filhos, raptados depois de Beatriz Fernandes ter visitado o pai, que estava internado na Clínica Sagrada Esperança, pertencente à diamantífera Endiama, a cuja empresa a vítima também esteve profissionalmente ligada até à data da sua morte.

A presença de Jomance Muxito na viatura tornou-se pública apenas no dia seguinte à divulgação, pelo programa “Ecos & Factos”, da Televisão Pública de Angola (TPA), da morte da jornalista Beatriz Fernandes, quando o porta-voz em Luanda da Polícia Nacional, intendente Mateus Rodrigues, revelou à Rádio Luanda a existência na viatura de um segundo cadáver, que se veio a saber ser de Jomance Muxito, descrito por uma sobrinha da jornalista como uma pessoa que trabalhava circunstancialmente como motorista da falecida tia.

Uma tia de Beatriz Fernandes contou à TV Zimbo que a morte da sobrinha e do seu acompanhante teve requintes de crueldade, um indício resultante do estado em que os cadáveres foram encontrados no interior da viatura, que era conduzida por Jomance Baptista.

O relato da tia, retirado da explicação  que os dois filhos de Beatriz Fernandes, que se encontravam com a mãe quando esta foi raptada, contaram à família, descreve a crueldade com que o crime foi executado.                                                

Investigação aturada para descortinar o móbil do duplo homicídio   
Uma tia da jornalista contou que, quando o carro foi interceptado, na Via Expresso, uma informação ainda não confirmada pela Polícia Nacional, a jornalista, que segurava o filho mais pequeno que dormia, foi retirada à força da viatura e alvejada com um tiro. 

“O motorista foi atingido com três tiros”, contou a senhora, citando as crianças que presenciaram o “hediondo acto”, como considerou o ministro da Comunicação Social, João Melo, numa mensagem de condolências. No acto de leitura do elogio fúnebre, um outro familiar informou que a jornalista foi “brutalmente espancada, estuprada e esfaqueada”, uma informação até hoje não confirmada pela Polícia. 

Estando a investigação ao duplo homicídio em segredo de justiça, pouca ou nenhuma informação oficial tem sido transpirada para a imprensa, que, para o seu exercício de manter a população informada sobre um caso que chocou Luanda, espera que a Polícia Nacional realize uma conferência de imprensa, nos próximos dias.

Até hoje a única informação de realce que transpirou para a imprensa é a detenção de seis suspeitos, todos da República Democrática do Congo, continuando as diligências em curso para a detenção, caso tenha o crime sido praticado  por encomenda, uma das linhas de investigação, do mandante ou mandantes do duplo homicídio, que elevou ainda mais a pressão social sobre a Polícia como resultado da vaga de crimes de natureza diversa na província de Luanda, actualmente com uma população estimada em sete  milhões de habitantes.

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