Sociedade
Falta de referências está entre as causas de comportamentos violentos dos jovens
Especialistas apontam falta de referências como causa de comportamentos violentos por parte de alguns jovens. As declarações foram feitas após análise de uma rixa, que envolveu jovens afectos a uma escola secundária, situada na Centralidade do Kilamba, quarteirão G, em Luanda, onde foram usados objectos contundentes durante uma luta.
Segundo o psicólogo Amâncio Emanuel Justino, para percebermos essa tensão social entre jovens, devemos olhar para o escopo social, aonde a falta de referência dentro daquilo que é o indicativo da sociedade, pois “quando alguém não se identifica com uma estrutura arquetípica da sociedade facilmente perde-se nestes movimentos”.
“Os jovens estão na flor da idade, e nesta fase, a procura de grupos de pertencimento é gritante”, defendeu
E fica a questão sobre o que leva um jovem a envolver-se nesse tipo de actividade? O psicólogo diz, que “o ser humano por si só, e principalmente jovens, por norma têm a necessidade de lutar para posicionar-se, e aqui olhando para dificuldade que a nossa sociedade apresenta, tanto a nível religioso, escolar, e de ordem pública, aonde todos os dias vemos falhas graves, faz com que haja falta de referências, que colmatam aquilo que as famílias não conseguem dar”, e continua: a “análise destes factos devem ser extremamente profundas pois precisa-se perceber como é a estrutura familiar onde cada um dos envolvidos está inserido, e face aos cenários actuais sabermos que os jovens têm poucas actividades didáticas, onde ele consiga encontrar a necessidade de pertencimento satisfeita”.
Outro sim, é perceber quais são os ideais passados pelos pais, que se forem falhos fazem com que as crianças busquem referências na rua. Amâncio Emanuel Justino, apela aos pais para preocuparem-se em iniciar as crianças com orientações “que ajudem a enxergar diferentes vias de crescimento que as ajudem a viajar mentalmente e incorporar”.
Já o buscador de espiritualidade Mbunga Miguel, lamenta o ocorrido, e recorre a um provérbio Congo que diz “se o cabelo de uma criança estragar a maldição é dos adultos”, apontando a chamada de atenção a responsabilidade que os adultos devem ter na educação das crianças, porque na verdade nenhum ser humano nasce violento, pois a violência constrói-se por processos de educação, socialização, aculturação”, e fala da visão que devemos ter para aquilo que nos como pais apresentados as crianças.
O espiritualista disse que caso apresentássemos um mundo pacífico, alegre, amoroso, aos nossos educandos, os casos de violência seriam remotos, pois a criança quando vem ao mundo não trás violência, ela apenas reproduz.
Mbunga Miguel lembra que este trabalho deverá ser feito de forma colectiva, e com muita seriedade, pois a violência apresentada no vídeo da rixa “é explícita e extremamente grave”.
Por Judith da Costa