Economia
FACRA apresenta crédito de Kz quatro mil milhões aos empreendedores
O Fundo Activo do Capital de Risco Angolano (FACRA) reuniu, na manhã desta quinta-feira, 28, em Viana, com os empreendedores daquele município de Luanda, para apresentar a linha de financiamento de quatro mil milhões de Kwanzas, aprovada pelo Estado angolano, como uma das medidas imediatas de alívio dos efeitos económicos e financeiros negativos provocados pela pandemia da covid-19 nas empresas e famílias.
A referida linha de crédito, aprovada através do Decreto Presidencial nº98/20 de 9 de Abril está avaliada em quatro mil milhões de kwanzas, para as micro-empresas nas 18 províncias do país.
A distribuição do referido montante está a cargo da FACRA, que através de oito empresas privadas de crédito farão a distribuição aos empreendedores interessados, mediante as condições de cada entidade interessada.
Segundo Simão Cardoso, do FACRA, para aceder ao referido crédito, os empreendedores podem candidatar-se ao crédito, que varia de 50 mil à sete milhões de kwanzas cada, com um prazo máximo de reembolso de 18 meses, estratificado em três tipologias e a taxa de juros a variar de 21 a 42% anual.
De acordo com Willian Noves, da Kificrédito, uma das empresas privadas seleccionadas pelo Governo para a atribuição do crédito, o primeiro tipo de financiamento é a Inclusão Financeira a Descoberto, com o teto máximo de três milhões de kwanzas, uma taxa de juro 3.5% mensal, com o prazo de reembolso de três meses, sem qualquer período de carência, ao passo que os outros dois – Capital de Giro e Capital de Investimentos – estipulam seis meses de período de carência, com uma taxa de juro de reembolso de 3,17% mensal, e os empreendedores podem requerer um financiamento de até sete milhões de Kwanzas, a pagar em 18 meses.
Os quatro mil milhões de kwanzas do fundo, destinam-se a empreendedores que actuam no sector formal ou informal da economia, desde que desenvolvam alguma actividade produtiva e tenham dificuldades de aceder a financiamentos.
De acordo com Simão Cardoso do FACRA, o Decreto Presidencial 98/20 prevê que o financiamento seja destinado à áreas pré-estabelecidas de actividade produtiva, como no sector do processamento alimentar, logística e distribuição de produtos agro-alimentares e de pesca, reciclagem de resíduos sólidos urbanos, bem como de produção cultural e artística.
O responsável avançou por outro lado que em cada um dos sectores acima mencionados existem outros subsectores para os quais os empreendedores se podem candidatar.
O encontro, que decorreu no anfiteatro da universidade Jean Piaget de Angola, no Bairro do Capalanga, foi presidido pelo Administrador Municipal de Viana, Fernando Eduardo Manuel.
Taxas altas para os empreendedores
O presidente da Associação dos mini-mercados de Viana, Dimitrof Paulo, disse que as taxas de juro mensal de 3.5%, que estão a ser praticadas para o reembolso do crédito são muito altas -42% anual. “Será pesado porque o empreendedor já está sobrecarregado com os impostos, salário, além destes juros”. Por esta razão o responsável associativo aconselha à revisão da taxa de juro. “Afinal querem ajudar os empreendedores ou vamos ajudar a enriquecer as instituições de micro-credito?”, questionou, alertando que os seus associados terão muita dificuldades para reembolsar os valores que possam vir a requerer.
Dimitrof Paulo reclamou igualmente do tempo dado para o reembolso de 18 meses, que considera “muito apertado” para a realidade das micro-empresas, “neste tempo da pandemia e altos impostos”.
Quem alinha no mesmo diapasão é o Presidente da Cooperativa Agropecuária Fumeca, na comuna do Calumbo, Nelito Saraiva, que advinha serem “penalizadoras, principalmente para nós da agricultura”, sugerindo, no entanto, uma redução taxa para os 2.5% de juro e acréscimo de mais seis meses, para dois anos de prazo de reembolso.
Outro reparo apresentado pelo agricultor, tem a ver com o período de carência de seis meses, pois, segundo explicou, “o agricultor precisa no mínimo de quatro meses para começar a colher os produtos que plantou, e tenho, antes de ver se esse período vai me garantir boa colheita ou não”.
Já Ernestina Mendes, empreendedora no ramo dos cosméticos, louvou a iniciativa, que considerou boa. Sobre as taxas, a jovem empreendedora disse serem normais e que com disciplina financeira se consegue suportar.