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Fábrica de cerveja Cuca Soba Catumbela faz despedimento colectivo

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Setenta trabalhadores da fábrica de bebidas “Soba Catumbela”, Sociedade de Bebidas de Angola, foram despedidos em Novembro último, por alegada quebra acentuada nas vendas.

Além deste grupo, outros 25 trabalhadores afectos à Coca-Cola, também sob gestão da Soba Catumbela, foram despedidos, apurou a Angop junto de uma fonte ligada às duas empresas.

O processo de despedimentos poderá ter sequência no I trimestre de 2019, sendo que a indemnização dos trabalhadores com mais de 15 anos de serviço ronda os mais dois milhões de kwanzas.

Uma fonte ligada à empresa informou que os mesmos já receberam as indemnizações.

A Sociedade de Bebidas de Angola é uma unidade fabril privada, que se dedica à produção de cerveja Cuca.

Este ano, a fábrica, que tinha 410 trabalhadores, previa produzir 570 mil hectolitros de cerveja.

Numa simulação feita pelos trabalhadores ligados a área de vendas, até Novembro último, estavam produzidos 531 mil hectolitros, faltando produzir 39 mil, até finais de Dezembro.

Em comunicado distribuído aos trabalhadores, a Soba Catumbela referiu que os clientes apresentam dificuldades de pagamentos e investimentos, e este ano esta beneficia de uma actividade excepcional de produção, por conta da Coca-Cola Botling Luanda (CCBL), para fabricar produto reformável.

Refere que a Coca-Cola, sendo uma empresa profissional, deve adaptar-se a este contexto económico, daí enveredar, há vários meses, por um processo de reestruturação financeira, para garantir a sustentabilidade do negócio.

Admite que, apesar das medidas já implementadas, a direcção sente-se ainda obrigada a recorrer a medida mais gravosas e inevitáveis, de redução dos trabalhadores, por via do despedimento colectivo, nos termos da Lei Geral do Trabalho.

Abordado pela Angop, a propósito dos despedimentos, João Muteka, chefe dos serviços provinciais de inspecção do trabalho e segurança social, disse que a direcção da Soba Catumbela cumpriu com os procedimentos previstos por Lei.

“Eles escreveram para nós e nós verificamos os pressupostos da sua pretensão e respondemos que estão no direito de assim procederem, no quadro da salvaguarda das obrigações da gestão empresarial”, disse, contrariando a tese dos trabalhadores despedidos que alegam que este órgão de fiscalização não se inteirou da realidade.

Por seu lado, o secretário provincial do Sindicato das Indústrias de Bebidas de Benguela, Mário Rodrigues, disse que não está contra os despedimentos colectivos protagonizados nas duas unidades fabris, porém vai bater-se pela forma como foi feito, uma vez que os procedimentos não obedeceram a norma legal.

“O artigo 2º do acordo colectivo diz que sempre que houver qualquer alteração, a direcção deve ouvir o sindicato, como seu parceiro (…) e isso não se verificou, porque surpreenderam todos, incluindo os dois sindicatos”, declarou.

Afirmou que o processo de despedimento não terminou e trabalha-se para remeter o caso na Procuradoria-geral da República, para inquirir a inspecção do trabalho.

Enquanto isso, António Matos, trabalhador despedido da Soba Catumbela, durante 16 anos, considerou a acção do patronato injusta, uma vez que estes são representados por uma Comissão Sindical que não teve conhecimento da acção.

Pedro Domingos Raúl, trabalhador há 17 anos, foi despedido depois de ter contraído doenças profissionais, nomeadamente a baixa acuidade visual e problemas de rins que o levam a fazer três sessões de diálises semanais.

Já Dinis Cassonda Formiga, outro dos despedidos, com oito anos de serviço, dos 51 de idade que carrega, além de outros 10 anos de serviço de tropa, disse ter recebido 800 mil kwanzas de indemnização, que mais vão servir para compensar as prestações de um crédito que tem a banca, do que tratar de questões sociais.

Angop

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