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Análise

Exploração do trabalho infantil em Angola: causas e soluções

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Em pleno século XXI, milhares de crianças em Angola continuam a trocar os brinquedos pelas bacias de venda, as carteiras escolares pelas picaretas do garimpo e os cadernos pelos panos de limpar carros.

A exploração do trabalho infantil permanece uma realidade silenciosa e persistente — sustentada pela pobreza, alimentada pela negligência e protegida por uma normalização perigosa.

Causas da exploração do trabalho infantil

1. Pobreza extrema

A principal causa é económica. Muitas famílias vivem com menos de 1.000 Kz por dia e acabam por envolver as crianças em tarefas de venda ou trabalho doméstico para ajudar nas despesas da casa.

2. Desigualdade de acesso à educação

Em várias zonas rurais e periféricas, a escola é longe, sem condições, ou simplesmente não existe. Sem alternativa educativa viável, trabalhar torna-se o “caminho natural”.

3. Cultura de normalização

Em certas comunidades, trabalhar desde cedo é visto como “formação de responsabilidade”, o que disfarça a exploração como prática aceitável ou educativa.

4. Falta de fiscalização

Mercados, oficinas, lavras e minas informais operam sem controle do Estado, permitindo que crianças sejam empregadas sem qualquer proteção.

Consequências graves e duradouras

O trabalho infantil compromete o futuro do país. Crianças que trabalham:

Abandonam a escola mais cedo

São expostas à violência, abuso e exploração sexual

Crescem sem infância nem qualificação

Reproduzem o ciclo de pobreza na vida adulta

Além disso, o país perde capital humano qualificado e socialmente equilibrado.

Soluções possíveis e urgentes

1. Investimento real na educação pública

Escolas equipadas, com merenda escolar, transportes e professores motivados são a base para afastar as crianças da rua e trazê-las de volta à sala de aula.

2. Apoio económico às famílias vulneráveis

Programas como o Kwenda, devem ser reforçados de com microcrédito, facto que pode reduzir a pressão para que as crianças trabalhem.

3. Campanhas comunitárias de sensibilização

É preciso mudar mentalidades, mostrando que educar é melhor do que explorar. A voz da comunidade é essencial na denúncia e prevenção.

4. Fiscalização e responsabilização

O Estado deve agir com firmeza contra quem contrata ou utiliza mão de obra infantil, sobretudo em mercados, oficinas, minas e campos agrícolas.

Conclusão

O trabalho infantil é mais do que um problema social é um espelho da desigualdade e do abandono. Não basta sentir pena. É preciso agir.

Cada criança que volta à escola é uma semente de futuro.

Cada criança que deixa de carregar um bidão e passa a carregar um caderno é uma vitória da justiça e da dignidade.

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