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Exclusivo: jornalista moçambicano fala sobre tensão hoje em Maputo

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A Polícia moçambicana dispersou hoje a manifestação no centro de Maputo convocada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane repudiando o homicídio de dois apoiantes e carregando sobre dezenas de pessoas que se concentraram no local.

Mais cedo, a polícia intensificou o lançamento de granadas de gás lacrimogéneo e tiros para o ar enquanto carregava para dispersar os manifestantes, que responderam com o arremesso de pedras e com o lançamento de artefactos pirotécnicos.

Durante a carga policial, um jornalista ficou ferido. Em entrevista, ao Correio da Kianda, o jornalista moçambicano, Romeu Carlos, descreveu que nas primeiras horas da manhã o ambiente estava calmo.

“Como devem saber, Moçambique, de facto, está com a paralisação no sector público e privado devido ao anúncio de uma greve geral que afecta o país hoje, convocada por Venâncio Modlane, candidato apoiado pelo Podemos, na sequência também da morte do seu advogado e o mandatário do Podemos. A cidade de Maputo acordou com o comércio a não fluir, efectivamente, com o transporte público também a não ser caracterizado como tem sido em dias normais, tanto é que a Federação Moçambicana dos Transportadores, a agremiação que sustenta este grupo, tanto aqui na cidade, apareceu a dizer que vai fazer de tudo para que haja o transporte público, haja garantias da mobilidade, pelo menos por hoje. A cidade está com chuviscos desde a manhã, não há muitas pessoas nas ruas, em alguns pontos ouviram-se relatos de pneus que teriam sido incendiados, mas que depois tudo ficou controlado. Fora de Maputo, também há timidez, o comércio não flui com normalidade, as instituições de ensino não estão com professores, também estudantes, como tem sido normal, há um receio de se sair à rua para actividades normais, porque as pessoas temem que actos como tumultos ou arruaças possam ocorrer”, descreveu.

Romeu Carlos comentou ainda a morte do mandatário do Venâncio Mondlane, Elvino Dias. Segundo a policia, o advogado foi morto por questões passionais.

“Acreditamos que sim e a polícia vai se desdobrando a cada instante, há informações agora que a polícia instalou unidades naquele ponto, unidades diversas, para poder manter essa segurança que se almeja”, disse.

Em relação a outra vítima, Romeu Carlos disse que tem estado a recuperar satisfatoriamente e não morreu como tem sido veiculado nas redes sociais.

“Não, não é verdade, a informação que está a ser veiculada por gente que não sabemos com qual interesse quer ver isso na opinião pública. Nós temos mantido contacto, com a família e, muito em especial, com o pai da vítima. Até ontem à tarde, nos tinha sido dito que a vítima, que é do sexo feminino, está em estado aceitável de saúde, com assistência directa dos familiares e até de plantão com familiares no hospital, tanto é que teve uma cirurgia que correu da melhor forma e provavelmente tenha alta dentro de dias. Ela não morreu, não perdeu a vida, como tem sido veiculado por algumas pessoas, sobretudo nas redes sociais”, explicou.

ONU condena assassinatos

E o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, condenou os assassinatos em Moçambique de dois apoiantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane, e apelou a uma rápida investigação dos acontecimentos.

O porta-voz adjunto de Guterres, Farhan Haq, disse em comunicado que o secretário-geral da ONU “condena veementemente” as mortes em Maputo de Elvino Dias, advogado de Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), partido que apoia o candidato presidencial, mortos a tiro na sexta-feira à noite.

António Guterres apela ainda “a todos os moçambicanos, incluindo os dirigentes políticos e os seus apoiantes, a manterem a calma, exercerem contenção e a rejeitarem todas as formas de violência antes do anúncio oficial dos resultados”, das eleições do passado dia 09.

A manifestação nacional contra processo eleitoral, em Moçambique, regista-se esta segunda-feira.

Nas ruas, fundamentalmente em Maputo há a presença de manifestantes para participar na marcha convocada pelo candidato do Podemos Venâncio Mondlane. Espera-se que, as forças de defesa e segurança garantam a ordem e tranquilidade públicas.

1 Comentário

  1. Pingback: Mondlane pede participação massiva no funeral do advogado morto em Maputo - Correio da Kianda - Notícias de Angola

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