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EUA prometem recorrer da decisão britânica de não extraditar Julian Assange
A justiça britânica recusou nesta segunda-feira, 04, o pedido dos EUA para a extradição do fundador do Wikileaks, Julian Assange, acusado do crime de espionagem. Os EUA pretendem julgar o fundador por espionagem, após a divulgação de centenas de milhares de documentos confidenciais.
A juíza Vanessa Baraitser, do Tribunal Criminal de Old Bailey, em Londres, justificou a decisão de não o extraditar com a preocupação com a saúde mental de Assange e a possibilidade de cometer suicídio sob custódia nos Estados Unidos.
“A impressão geral é a de que se trata de um homem depressivo, e por vezes, desesperado, que teme pelo seu futuro”, disse Baraitser citada pela BBC.
Antes de alegar motivos de saúde para rejeitar o pedido de extradição do norte-americano, a juíza de primeira instância recusou os argumentos apresentados pela defesa de Assange.
Para os advogados de Assange, as acusações apresentadas pela justiça norte-americana contra o fundador do portal WikiLeaks têm “motivações políticas” e temem que o australiano possa não ter um julgamento justo nos EUA.
Entretanto, o Ministério Público britânico, em representação da justiça norte-americana, referiu que vai recorrer da decisão do Tribunal Criminal de Old Bailey.
Segundo o canal de TV português, SIC Notícias, que noticiou nesta segunda-feira, a juíza de primeira instância Vanessa Baraitser deverá decidir em breve se mantém Julian Assange em prisão preventiva durante o novo procedimento judicial ou se opta pela sua libertação. Julian Assange encontra-se actualmente detido na prisão de alta segurança londrina de Belmarsh.
A justiça norte-americana acusa o australiano de 49 anos de crimes de espionagem, podendo condená-lo a 175 anos de prisão por ter divulgado, desde 2010, mais de 700 mil documentos confidenciais sobre actividades militares e diplomáticas norte-americanas, principalmente no Iraque e no Afeganistão.
Os Estados Unidos acusam o fundador do WikiLeaks de ter colocado em perigo fontes dos serviços norte-americanos, o que Assange contesta.
Julian Assange foi preso em Londres em Abril de 2019, depois de sete anos a viver na embaixada equatoriana, onde se refugiou após violar as condições da sua liberdade condicional por receio de ser extraditado para os Estados Unidos.
O relator das Nações Unidas sobre temas relacionados com tortura, Niels Melzer, enviou na terça-feira, 29 de Dezembro, uma carta aberta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pedindo-lhe para perdoar o fundador do Wikileaks. Na referida carta Niels Melzer defende dizendo que Julian Assange não é um “inimigo do povo norte-americano”.
Segundo o relator da ONU, Julian Assange não pirateou nem roubou nenhuma das informações que publicou, tendo-as obtido “de fontes e documentos genuínos, da mesma forma que qualquer outro jornalista de investigação sério e independente” faria.
“Processar Assange por publicar informações verdadeiras sobre condutas oficiais graves, seja na América ou noutro país, constitui aquilo que se chama ‘matar o mensageiro'”, afirmou. “Ao perdoar Assange, o presidente envia uma mensagem clara de justiça, verdade e humanidade ao povo norte-americano e ao mundo, reabilitando um homem valente que sofreu injustiças, perseguições e humilhações durante mais de uma década, só por dizer a verdade”, alegou.