Sociedade
Especialista defende criação de Conselho Comunitário para se pôr fim ao conflito no Camucuio
O académico Oseias Kaxinde disse à Rádio Correio da Kianda, que o conflito que se tem agravado por causa da falta de mais represas da água no Namibe, pode ser visto como uma violação dos direitos humanos, por outro lado, enalteceu o trabalho do Governo Provincial, mas pediu mais represas de água.
O especialista, residente nas terras da “Mulher Mukubal”, defendeu medidas urgentes das autoridades governamentais e comunitárias.
Como solução, Kaxinde sugeriu a criação de um Conselho Comunitário onde podem fazer parte os representantes dos dois grupos étnicos, para um diálogo permanente, “porque muita gente está escondida com o medo de a situação voltar acontecer e ceifar mais vidas”, disse.
O historiador Martinho Jamba Nganga, fez recurso aos factos históricos que estão na base de conflitos entre os povos que habitam aquela região, com a chegada dos Hereros que chegaram primeiro, e a partir dos séculos 17, 18 e 19, que habitam abaixo do vale da Cheila, surge a separação desses povos entre Nhaneka-Humbi, que se espalham nas províncias da Huíla e do Cunene, outro grupo vai ao Quipungu, outro vai para Quilengues, e ocupam o Camucuio até a Bibala, província do Namibe.
O também docente universitário, que fez essas afirmações igualmente aos nossos microfones, referiu que a região é caracterizada por zona árida e por escassez de água nesta época há tendência da transumância, com a falta das reservas do líquido precioso, sendo este único factor do conflito.
Martinho Jamba negou que a discórdia que resultou na morte de mais de 10 pessoas tenha sido motivada por factores étnicos.
O especialista entende que as medidas para se pôr termo aos conflitos entre os povos habitantes daquela região, passa por criar mais reservatórios de água para o gado, de momento, sugere que criem políticas com vista monitorizar a conduta dos habitantes através das autoridades tradicionais e activistas comunitários que acompanham os períodos que cada grupo vai levar o seu gado ao Mulovei.
Nesta segunda-feira, 18, na Bibala, o Governo do Namibe reuniu com os líderes dos grupos de criadores de gado da etnia Kuvale e Nhaneka, que há muito disputam a privacidade da lagoa do Mulovei, no município das Cacimbas, após escalada do conflito este fim-de-semana, que resultou na morte de doze pessoas.
Há ainda a orientação para que seja dada prioridade, em coordenação com as administrações municipais das Cacimbas e do Camucuio, à reabilitação de pelo menos duas das represas identificadas, das onze previstas para a região, no quadro das medidas intercalares de produção de água para as populações do interior da província.