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Opinião

Espanha e França e o dilema do investimento privado estrangeiro em Angola

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As exportações de Espanha para Angola cresceram de 300 milhões de euros, em 2015, para 500 milhões, nos últimos anos. A nação ibérica investiu cerca de 460 milhões de dólares em diversos projectos em Angola, entre 1990 e 2020.

De acordo com a Agência de Promoção do Investimento Privado e Exportações Angolana (AIPEX), os referidos investimentos compreendem 82 projectos, nos mais diversos sectores.

Desses investimentos, o setor Industrial lidera com 15 projetos, seguido por Pesca (7 projetos) e Engenharia civil (23 projetos,). O setor de Prestação de Serviços também ocupa uma posição elevada no continuum de investimento espanhol, com 17 projetos; as Indústrias Extrativas, Saúde, Agricultura e Comércio são também domínios de interesse para os empresários espanhóis.

A Província do Zaire é atualmente o baricentro dos investimentos espanhóis em Angola, com cinco projetos, seguida por Luanda e Benguela.

Durante uma visita a Luanda em Abril de 2021, o Primeiro-Ministro espanhol Pedro Sanchez assinou uma série de acordos no domínio das pescas, agricultura e indústria com o governo angolano, visto que a cooperação entre os dois países se intensificou gradativamente no setor empresarial nos últimos anos, com o aumento de Empresas espanholas em Angola.

No início da sua visita, há muito esperada desde a última visita feita por Felipe González em 1992, Sanchez explicou que Angola é um país prioritário para Espanha, pois oferece “grandes oportunidades” para as empresas espanholas e tem elevado potencial de crescimento.

O Primeiro-Ministro espanhol anunciou ainda que a Espanha vai alargar a cobertura do seguro oficial de exportação em Angola através da CESCE (Agência Espanhola de Crédito à Exportação) em 200 milhões de euros, o que vai resultar em investimentos mais produtivos das empresas espanholas no país subsariano.

França consolida presença em Angola

A França é actualmente o segundo maior investidor estrangeiro em Angola, atrás dos Estados Unidos, principalmente devido aos investimentos feitos pela Total Energies, que é a principal operadora petrolífera do país.

Existem 60 subsidiárias de empresas francesas em Angola e 45 empresas angolanas criadas localmente por franceses. Essas empresas empregaram mais de 15.000 pessoas no passado, no entanto, esse número caiu para 10.000, em grande parte devido à pandemia de COVID-19.

As referidas empresas são, em conjunto, os maiores empregadores estrangeiros em Angola, depois de Portugal e da China.

A actividade das subsidiárias francesas em Angola centra-se no sector petrolífero, com a Total Energies e Maurel & Prom, e no sector dos serviços petrolíferos, com a Prezioso, Technip, Friedlander, Ponticelli, Doris Engineering, Vallourec, Bourbon e várias outras empresas.

Um terceiro sector empresarial bem representado é a logística: a Bolloré presta serviços de agenciamento de mercadorias e logística em Angola desde 1932, a multinacional, CMA-CGM é uma das principais companhias marítimas presentes em Angola, enquanto a Air France é uma das principais companhias aéreas francesas a servir o país.

No sector de saúde, a consultora SFEH oferece serviços de engenharia médica, enquanto a Laborex distribui produtos farmacêuticos.

No sector da restauração, a Newrest Angola desenvolveu significativamente as suas actividades principais, incluindo gestão de operações offshore, catering onshore e abastecimento de navios; Dimassaba (grupo Le Comptoir d ’Export) tem uma padaria industrial e vários estabelecimentos de catering.

Diversas empresas oferecem uma ampla variedade de serviços empresariais: Apave (controle técnico), Bureau Veritas (controle técnico), Mazars (firma de contabilidade).

A plataforma de táxi personalizado, Heetch entrou no mercado angolano em Setembro de 2020.

As empresas francesas têm uma forte presença industrial em Angola. No setor de serviços petrolíferos, a Technip, em parceria com a Sonangol, está envolvida em vários projetos de desenvolvimento de campos submarinos; A Technip também é um fabricante líder de equipamentos para campos petrolíferos em Angola.

Em 2019 foram inaugurados três novos investimentos industriais: a padaria industrial Dimapão em Viana, a Solevo, fabricante de sistemas de mistura e mistura de fertilizantes, no Lobito e a empresa de construção e renovação St Gobain-Weber, em Luanda.

Tudo isso, só vem provar que o investimento privado estrangeiro em Angola é possível.

Por Alberto Domingos
Secretário executivo para as TICs da AJECO