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Equador: Protestos populares levam parlamento a discutir exoneração do Presidente da República
O parlamento do Equador começa hoje a discutir um pedido de exoneração do Presidente, Guillermo Lasso, após 12 dias de protestos contra as políticas económicas do governo que já provocaram cinco mortos e 200 feridos.
O pedido foi feito devido à “grave crise política e comoção interna” e o regulamento prevê que a Assembleia Nacional do Equador deve iniciar o debate em menos de 24 horas, numa sessão em que o chefe de Estado é convocado para fazer uma declaração de defesa.
Guillermo Lasso, que teve um teste positivo a covid-19, está em isolamento desde quarta-feira.
Após o debate, que começa às 18 horas (meia-noite de domingo em Lisboa), a Assembleia tem até 72 horas para decidir se exonera o presidente.
A exoneração exigiria dois terços da Câmara, o que equivale a 92 dos 137 deputados, um número que será difícil de alcançar, depois de partidos como a Esquerda Democrática e o Partido Social Cristão terem anunciado que votarão contra.
Se a moção for bem-sucedida, o vice-presidente assumirá a presidência e serão convocadas, no prazo de sete dias, eleições legislativas e presidenciais antecipadas.
Numa mensagem transmitida pela televisão e publicada nas redes sociais, Guillermo Lasso acusou a oposição, ligada ao ex-presidente Rafael Correa, de uma tentativa de golpe de Estado.
Lasso disse que o líder indígena, Leonidas Iza, que tem também liderado os protestos, “nunca quis cumprir uma agenda em benefício dos povos e nacionalidades indígenas”, mas sim “derrubar o governo”.
O Presidente apelou à comunidade internacional que “alerte” sobre uma “tentativa de desestabilizar a democracia no Equador”.
Na sexta-feira, numa reunião de indígenas, Leonidas Iza disse que “há uma decisão do povo, que quer que o Presidente da República, se não teve capacidade de resolver os problemas, vá embora”.
Na semana passada, Guillermo Lasso aceitou parte das reivindicações dos manifestantes, incluindo o cancelamento de dívidas para famílias camponesas de até três mil dólares (2.800 euros), a redução das taxas de juros e o aumento de 50 para 55 dólares (de 47 euros para 52 euros) de um subsídio para famílias vulneráveis.
No entanto, o Presidente recusou o congelamento e redução de preços de combustíveis, o controlo de preços dos bens de primeira necessidade, o fim das privatizações e a suspensão de novas explorações de petróleo e minério na Amazónia equatoriana.