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Educação Financeira

Emprestar e receber dinheiro na rua – Crédito Informal

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Emprestar dinheiro é uma acção que envolve riscos que devem ser calculados. É importante também auxiliar no desenvolvimento da educação financeira, para que necessidades de empréstimo não se tornem recorrentes. Por outro lado, para os que necessitam de dinheiro (liquidez), vamos dar uns conselhos a ter em conta quando recorre a pessoas que emprestam dinheiro no mercado informal.

O que é emprestar dinheiro?
Pedidos de amigos e parentes para emprestar dinheiro são uma situação corriqueira na vida de muitas pessoas. A ligação afetuosa pode gerar, inclusive, uma obrigação moral de atender o pedido. Quando familiares e amigos não podem ou recusam-se a ajudar financeiramente a pessoa necessitada, a «luz ao fundo do túnel» é recorrer a meios extremos como é o mercado informal.

Todavia, o melhor para ambas as partes é que esse pedido seja muito bem avaliado antes de ser aceite. Isso porque há vários riscos de emprestar dinheiro a pessoas próximas, ou pior ainda, a pessoas sem qualquer relação contratual, profissional, familiar ou de amizade.

No caso de quem empresta, o principal risco financeiro é não receber o valor emprestado de volta. Como em muitos desses casos não há um registo contratual do empréstimo, não há como garantir o recebimento caso o pagamento não seja feito. Dessa forma, o risco de inadimplência (incumprimento) aumenta. E mesmo a cobrança informal costuma gerar uma situação embaraçosa.

Outro ponto importante é que não é incomum que quem pediu não consiga resolver o problema que gerou a necessidade de dinheiro emprestado. Dessa forma, mesmo que queira, a pessoa não terá condições de arcar com o pagamento da dívida.

Além desse factor, há também a questão da remuneração do empréstimo. Isso porque o valor poderia estar investido. Assim, para compensar essa perda de rendimento potencial, seria necessário cobrar uma taxa de juros.

Quando perante uma urgência, emergência pessoal acontece e provavelmente acontece a todos na vida, pelo menos uma vez, procuramos ajuda à nossa volta e ela não tem a atenção devida de familiares, colegas de trabalho e amigos, o que pensa?
1- Ir ao banco?;
2- Vender algum bem que não precisa, que precisa, mas perante a gravidade da situação, mesmo assim coloca à venda;
3- Ir à internet e procurar soluções no motor de busca: Google;

Vamos colocar a situação no ponto 3: ir à internet e procurar quem possa emprestar dinheiro rapidamente e sem muita «maka» de documentos e declarações…
– Desconfie quando tudo for fácil demais!

Sem dúvida a opção de recorrer ao mercado informal de crédito exige imensos cuidados. De que perigos estou a falar?
– Juros de 25, 50, 100% do valor emprestado. Se pedir 1.000.000 (um milhão de Kwanzas), poderá ter que reembolsar (pagar a quem lhe emprestou), no pior cenário, o dobro: 2 milhões de Kwanzas (100% de juros). Se você precisa de 1 milhão, vai pagar o dobro… isso pode ser a sua salvação imediata, mas será uma «bola de neve» de problemas a seguir;
– Já ouviu falar que há pessoas que solicitam e ficam com o seu cartão de débito (cartão multicaixa) onde cai o seu salário ou outro tipo de rendimentos. Você fica refém do seu credor. O cartão multicaixa é um cartão pessoal e intransmissível, o que quer dizer que não deve dar o cartão a ninguém. Contudo e perante a situação de «sufoco», você entrega tudo ao homem do dinheiro.
– No caso de valores muito altos há outras formas de garantia que os homens do crédito informal exigem, tal como:
– chaves de carro e documentos do mesmo;
– cópias de chaves de casa;
– ficar com telemóveis, computadores, televisões plasma como garantia.

É importante ressaltar que, nesta modalidade, os juros podem variar muito de acordo com o perfil de risco do cliente. Assim, clientes de perfil mais arriscado tendem a pagar taxas ainda mais elevadas do que esta, enquanto nos casos de menor risco a taxa pode ficar em linha com a do cheque especial.

Em geral, as pessoas que se dedicam a emprestar dinheiro atraem clientes desesperados, que não possuem conta num banco, que são pessoas sem educação financeira ou se a têm, mas não sabem gerir bem o dinheiro, e, portanto têm dificuldades de obter outra forma de crédito; ou que precisam de dinheiro urgentemente e não possuem um bom histórico de crédito no banco central. Trata-se de uma opção de financiamento que só deve ser usada por quem efectivamente já esgotou todas as outras alternativas acima. Depois da família, amigos, bancos…

Vamos dar um conselho, que no nosso país, é incomum ser colocado em prática. Escrevo sobre a troca de dívidas.
O angolano ainda não está acostumado em substituir uma dívida por outra. Aqui não estou a falar de levantar uma dívida para quitar (pagar) outra, mas sim de aproveitar a queda dos juros, ou uma melhoria no seu perfil de crédito, para levantar um novo financiamento a juros mais baixos.

Vamos imaginar, por exemplo, uma pessoa que tenha uma dívida de 1.000.000 Kz (um milhão) e possua um veículo já quitado com valor igual ou superior. Nesse caso, uma alternativa seria vender o automóvel para regularizar a sua pendência e depois financiar a compra de um outro automóvel.
Apesar dessa prática não eliminar a dívida, garante o pagamento de juros bem menores do que aqueles que você pagaria num empréstimo pessoal, por exemplo. Afinal, a taxa média de juros nos financiamentos de automóveis é de cerca 25/30%, muito abaixo, portanto, das taxas do empréstimo pessoal na informalidade. Raciocínio semelhante vale para quem está atolado no cartão, ou no cheque, e pode, por exemplo, quitar a dívida com um empréstimo pessoal, a juros mais baixos.

Antes de contactar um «vendedor» de créditos financeiros na informalidade, procure renegociar as dívidas no prazo de pagamento e dando mais garantias. Quando pede dinheiro a alguém, além do valor que precisa, assuma de imediato como vai pagar e quando vai devolver o dinheiro.

Evite a todo o custo recorrer a estes meios informais e ilegais. Tente aumentar os rendimentos, faça a negociação das dívidas como atrás foi escrito, e também faça a «blindagem» emocional para que não chegue a ter problemas de saúde, principalmente de coração, o que aí piora tudo.

Daniel Sapateiro

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1 Comment

1 Comment

  1. Fernando Malanga Manuel

    28/11/2023 at 12:15 am

    Preciso de um empréstimo vosso

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