Economia
Empresa angolana de aviação assume ligações domésticas de Cabo Verde
A empresa BestFly, de direito angolano, assumiu desde esta sexta-feira, 14, as ligações aéreas entre as ilhas de Cabo Verde, por um período emergencial de seis meses, depois de a empresa Transportes Interilhas de Cabo Verde (TICV, do grupo espanhol Binter), ter decidido cessar as operações domésticas entre as ilhas do arquipélago, a partir de deste domingo, 16.
O Director Executivo da BestFly Angola, Nuno Pereira, garantiu que o primeiro voo operado pela companhia para o transporte público de passageiros domésticos acontece as 07h de segunda-feira, 17, entre as ilhas da Praia e de São Vicente.
“O nosso compromisso com Cabo Verde e com o povo cabo-verdiano é total e é nossa intenção o estabelecimento permanente da nossa operação em Cabo Verde”, afirmou o responsável.
Nuno Pereira disse ainda que “o operador aéreo que vai operar em Cabo Verde a nível emergencial será o nosso operador Angolano, mas temos um compromisso através da nossa empresa de Cabo Verde, criada em 2015, com Cabo Verde e com a população cabo-verdiana com a obtenção do nosso certificado de operador aéreo em Cabo Verde”.
Num comunicado divulgado na edição de sexta-feira, do telejornal da Televisão de Cabo Verde, o governo daquele país informou que a razão da desistência da empresa espanhola de cessar as operações, prende-se com a redução do número de passageiros em 70%, desde o início da pandemia da covid-19, “impactando negativamente nas suas vendas e nos resultados obtidos”.
Esta situação, de acordo ainda com o comunicado, levou a que os accionistas da empresa optassem pelo encerramento das operações no mercado de Cabo Verde.
“Os acionistas da empresa deram a conhecer esta situação ao Governo, ainda em 2020, e prontamente o Governo apresentou algumas modalidades de ajuda no quadro dos instrumentos definidos para apoiar a indústria da aviação civil, por forma a ultrapassar essa situação. No decorrer das conversações sobre o modelo de apoio que poderia ser negociado, os acionistas manifestaram, igualmente, o desinteresse pelo negócio em Cabo Verde e a consequente vontade de parar as operações e liquidação da empresa, salvo se não houvesse um comprador interessado”, lê-se no comunicado.
O facto de as rotas entre as ilhas serem operadas por uma única companhia para os voos domésticos “e perante a imperiosa necessidade de garantir os voos internos e assim o direito constitucional de mobilidade dos cabo-verdianos”, o governo do arquipélago optou pela concessão à empresa angolana o direito de exploração as ligações domésticas, por um período emergencial de seis meses.
Acrescenta que a decisão anunciada surge após consulta do mercado e que a BestFly Angola, empresa de direito angolano, operador “estabelecido no mercado de aviação, desde 2009”, tem “experiência na gestão de aeronaves e ‘handling’ de aviões”.
O director-executivo do grupo Bestfly, informou que para início das operações nesta segunda-feira, será com uma aeronave ATR72-600, e dentro de um mês uma segunda aeronave vai reforçar as operações de ligação doméstica.
A Lusa informa ainda que face a decisão da empresa espanhola de descontinuar as ligações, o governo cabo-verdiano “viu-se na obrigação de procurar uma solução de emergência que se traduziu no convite à BestFly Angola a apresentar uma proposta”, a qual “teve como consequência a prevista assinatura de um contrato de concessão de exploração de serviço de interesse público de transporte aéreo regular interno de passageiros, carga e correio, incluindo as obrigações de serviço público, figurino previsto no Código Aeronáutico de Cabo Verde”
Recrutamento local de novos funcionários
Com a sua entrada nas ligações domésticas entre as ilhas de Cabo Verde, o Director Executivo da BestFly, Nuno Pereira, anunciou alterações na programação com vista ao melhor asseguramento da conectividade na totalidade e manterá o “compromisso dos preços o mais competitivos e mais baixos possíveis”.
Sem avançar números, aquele responsável anunciou, a abertura para breve, do processo de recrutamento de trabalhadores locais. “O nosso compromisso com Cabo Verde é total e pretendemos começar a título imediato a contratar quadros locais e com certeza que os melhores quadros serão contratados garantindo a empregabilidade dos nacionais de Cabo Verde”, prometeu.
Segundo a agência Lusa, a decisão de contratar a empresa angolana surgiu na sequência de uma reunião entre o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, e o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos da Fonseca, na sequência de um encontro de cortesia que o Chefe de Estado cabo-verdiano manteve com o empresário angolano Mário Palhares, um dos acionistas da BestFly, “acompanhada da esposa”, a jurista cabo-verdiana Teresa Teixeira, com quem conversou “naturalmente, sobre o processo e o projeto negociado, emergencialmente, com Cabo Verde, para os próximos seis meses, tempo no decurso do qual solução mais duradoura será procurada”, disse o Presidente da República, citado pela Lusa.
A BestFly é uma empresa de direito angolano, criada em 2015, no sector da aviação, a actuar no mercado internacional e está actualmente a operar em Portugal, Dubai e Republica do Congo, entre outros destinos internacionais.