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Empreender à moda antiga é fracasso certo: o futuro está nos negócios criativos!

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O mundo dos negócios está em constante evolução, e Angola não é excepção a essa dinâmica. Com a digitalização acelerada e a mudança nos hábitos de consumo, os empreendedores precisam de repensar as suas estratégias para se manterem competitivos. Durante décadas, os negócios tradicionais, como o comércio físico, a restauração e os serviços convencionais, dominaram o cenário empresarial angolano. No entanto, esses modelos enfrentam desafios cada vez maiores, como a burocracia excessiva, a elevada concorrência e as dificuldades no acesso ao financiamento.

Por outro lado, os negócios criativos – também conhecidos como creator economy – têm ganho espaço e demonstrado um enorme potencial de crescimento. Este modelo empresarial baseia-se na inovação, no uso de plataformas digitais e na capacidade de transformar talentos individuais e ideias inovadoras em produtos e serviços de alto valor agregado. Como destaca Joseph Schumpeter (1942), “a inovação é o motor do desenvolvimento económico”, e aqueles que souberem aproveitar esta tendência terão maiores chances de sucesso.

No contexto angolano, onde os jovens representam uma grande parte da população e a conectividade digital cresce a cada ano, investir em negócios criativos pode ser um diferencial competitivo essencial. Esta abordagem permite que os empreendedores ultrapassem barreiras geográficas, reduzam custos operacionais e alcancem mercados internacionais, fortalecendo a diversificação da economia nacional.

Diferença Entre Negócios Tradicionais e Negócios Criativos

Os negócios tradicionais seguem um modelo consolidado, geralmente baseado na venda de bens físicos ou na prestação de serviços convencionais. Normalmente, requerem elevados investimentos iniciais para infra-estruturas, estoque e logística, além de enfrentarem desafios como a burocracia e a forte concorrência local.

Em contraste, os negócios criativos concentram-se na inovação, na digitalização e na personalização. Este modelo utiliza plataformas digitais, redes sociais e tecnologias emergentes para criar novas experiências para os consumidores. Além disso, muitos negócios criativos exigem um investimento inicial reduzido, uma vez que podem ser iniciados apenas com um computador, acesso à internet e criatividade.

A grande vantagem da economia criativa é a sua capacidade de adaptação às mudanças do mercado e às preferências do consumidor. Richard Florida (2002) reforça esta ideia ao afirmar que “a criatividade tornou-se o principal motor do desenvolvimento económico moderno”, o que evidencia a necessidade de explorar novos caminhos no empreendedorismo.

Exemplos de Negócios Criativos e Tradicionais no Contexto Angolano

1. Comércio de Vestuário: Loja Física vs. Marca Digital

Negócio tradicional: Uma loja de vestuário física exige um espaço alugado, custos com estoque e funcionários, além de depender da clientela local. Muitas vezes, a concorrência com produtos importados dificulta a lucratividade.

Negócio criativo: Uma marca de moda digital, inspirada na cultura angolana, pode ser vendida por meio de redes sociais e plataformas de e-commerce, permitindo um alcance global sem necessidade de loja física. Exemplo: a estilista angolana Nadir Tati, que conquistou reconhecimento internacional através da criatividade e da inovação digital.

2. Agência de Publicidade vs. Marketing de Conteúdo e Influência Digital

Negócio tradicional: Uma agência de publicidade tradicional depende de contratos fixos e clientes locais, além de enfrentar custos operacionais elevados.

Negócio criativo: Criadores de conteúdo e influenciadores digitais podem rentabilizar as suas redes sociais através de parcerias, publicidade e criação de cursos online. Exemplos: influenciadores como Preto Show e Cleyton M, que utilizam plataformas digitais para alcançar públicos amplos e gerar receitas sustentáveis.

3. Restaurante Convencional vs. Cozinha Virtual e Entregas Personalizadas

Negócio tradicional: Um restaurante físico exige custos fixos elevados, como aluguer, funcionários e estoque de alimentos, além de estar limitado ao público local.

Negócio criativo: Modelos como food trucks, cozinhas virtuais e serviços de entrega personalizada têm custos operacionais mais baixos e podem alcançar mais clientes por meio de aplicativos e redes sociais.

4. Venda de Livros Físicos vs. Escrita Digital e Publicação Online

Negócio tradicional: A venda de livros físicos enfrenta desafios como elevados custos de impressão e distribuição limitada.

Negócio criativo: Escritores independentes podem publicar e-books, criar audiolivros e oferecer conteúdos exclusivos em plataformas como Amazon e Wattpad, permitindo um alcance internacional sem depender de editoras.

Por Que os Empreendedores Angolanos Devem Apostar em Negócios Criativos?

1. Redução de Barreiras de Entrada

Diferente dos negócios tradicionais, que muitas vezes exigem elevados investimentos iniciais, os negócios criativos podem ser iniciados com poucos recursos. Um criador de conteúdo, por exemplo, pode começar apenas com um telemóvel e uma conexão à internet.

2. Maior Escalabilidade e Alcance Global

Negócios tradicionais costumam ter um alcance geográfico limitado, enquanto os negócios criativos podem alcançar um público global através da internet. Isso permite um maior crescimento e diversificação das fontes de receita.

3. Adaptação às Novas Tendências

A população jovem de Angola está cada vez mais conectada e engajada no ambiente digital. Investir em negócios criativos permite atender a este público com soluções inovadoras e personalizadas.

4. Diversificação da Economia Nacional

Angola ainda depende fortemente do petróleo e dos sectores tradicionais. A economia criativa pode ajudar a diversificar as fontes de renda do país, promovendo o empreendedorismo e gerando novas oportunidades de emprego.

5. Possibilidade de Rentabilização em Diversos Formatos

Criadores de conteúdo podem gerar receitas através de diferentes modelos, como assinaturas, publicidade, cursos online, merchandising e parcerias estratégicas. Isso garante uma maior sustentabilidade financeira e liberdade criativa.

Como afirma Peter Drucker (1985), “o empreendedor vê a mudança como uma oportunidade, e não como uma ameaça”. A capacidade de adaptação e inovação é essencial para se destacar no mercado actual.

Portanto, apostar em negócios criativos não é apenas uma tendência passageira, mas uma necessidade para os empreendedores angolanos que desejam prosperar num mundo cada vez mais digital e competitivo. A economia criativa oferece oportunidades ilimitadas para aqueles que sabem transformar ideias inovadoras em valor económico e cultural.

O futuro do empreendedorismo em Angola depende da capacidade dos empresários de inovar e explorar novos modelos de negócio. Como destaca Schumpeter, “a destruição criativa é o processo pelo qual novas ideias substituem as antigas, impulsionando o progresso económico”. Portanto, aqueles que desejam crescer, impactar a economia e conquistar novos mercados devem sair da zona de conforto dos negócios tradicionais e investir na criatividade como diferencial competitivo.

O mundo está a mudar rapidamente, e os empreendedores que souberem adaptar-se a essa transformação terão mais chances de sucesso. O momento de investir na economia criativa é agora!

Denílson Adelino Cipriano Duro é Mestre em Governação e Gestão Pública, com Pós-graduação em Governança de TI. Licenciado em Informática Educativa e Graduado em Administração de Empresas, possui uma sólida trajectória académica e profissional voltada para a governação, gestão de projectos, tecnologias de informação, marketing político e inteligência competitiva urbana. Actua como consultor, formador e escritor, sendo fundador da DL - Consultoria, Projectos e Treinamentos. É autor de diversas obras sobre liderança, empreendedorismo e administração pública, com foco em estratégias inovadoras para o desenvolvimento local e digitalização de processos governamentais.

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