Politica
Embaixador do Vaticano despede-se depois do seu papel crucial nas eleições angolanas
Durante a atmosfera tensa entre o MPLA/Governo e a UNITA, no quadro do processo eleitoral de 2022, era frequente ver quadros de ambas organizações a acorrerem à Nunciatura (Embaixada) da Santa Sé em Angola, sita do lado oposto à Rádio LAC, no Maculusso.
O núncio apostólico em Angola e São Tomé e Príncipe, Dom Giovanni Gaspari, apresentou, no início desta semana, os cumprimentos de despedida ao ministro das Relações Exteriores, Téte António, a quem agradeceu todo o apoio diplomático que recebeu durante o seu mandato de três anos e meio no nosso país.
O núncio apostólico é, na linguagem ‘diplomática’, o embaixador da Santa Sé (Vaticano). O mandato de Dom Giovanni Gaspari, em Luanda, ficou também marcado pelo processo eleitoral angolano de 24 de Agosto de 2022.
Durante a atmosfera tensa entre o MPLA, Governo, e a UNITA, numa altura em que as autoridades já haviam colocado vários agentes dos serviços de defesa e segurança nas ruas, em toda extensão territorial, o núncio acabou por funcionar, embora de modo informal, como uma espécie de mediador e/ou conselheiro.
Quadros da Embaixada da Santa Sé contam ao Correio da Kianda que, nalgumas vezes, as delegações da UNITA procuravam passar despercebidas, mas acabava por ser inevitável serem vistas. E as do MPLA também.
Os altos quadros da Nunciatura, que sublinham nunca terem visto as duas delegações juntas, referem que nem sempre os responsáveis políticos, até outras individualidades, saiam do encontro com rosto amigável.
Na ocasião de sua despedida a Téte António, o representante do Papa Francisco considerou serem excelentes as relações de cooperação entre o Vaticano e o Estado angolano, sobretudo no que refere às iniciativas humanitárias, diálogo inter-religioso, promoção da paz e da justiça social, conforme dados disponíveis pelo website do Governo.
O núncio disse ainda ter feito uma missão “marcante e satisfatória”, e que deixará Angola com “o sentimento de dever cumprido.”
Dom Geovanni Gaspari frisou que uma das suas maiores conquistas, enquanto Núncio Apostólico em Angola, foi ter testemunhado a elevação de um prelado católico angolano ao mais alto grau da Igreja Católica, em cerimónia realizada na província do Cunene.
E manifestou o desejo de ver o Papa Francisco vir a participar nas celebrações do 50.° aniversário da Independência Nacional de Angola, em Novembro do próximo ano, tendo assegurado ao ministro que fará chegar essa mensagem ao Sumo Pontífice.
Por seu turno, o ministro angolano expressou o reconhecimento pelos notáveis esforços e contribuições do diplomata católico.