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Eleições presidenciais na RD Congo adiadas para 2019
A oposição imediatamente classificou o anúncio como usurpação do poder, acusando o Presidente, Joseph Kabila, de tentar prolongar a sua presidência.
O atraso na realização do escrutínio tem sido recebido com protestos por vezes mortais na capital, Kinshasa, e noutras grandes cidades do país com mais de 77 milhões de habitantes.
Observadores alertaram para o facto de as tensões ameaçarem não só a RDCongo como o próprio continente africano. O presidente da comissão eleitoral, Corneille Nangaa, culpou pelo mais recente adiamento a violência mortal no centro do país, afirmando que o recenseamento eleitoral na turbulenta região deverá prosseguir até janeiro e que, a seguir, as autoridades precisarão de 504 dias para se prepararem para a votação — um calendário que atira a data do escrutínio para 2019.
“Para nós, é muito claro que aquilo que [a comissão eleitoral] está a dizer é apenas o plano do Presidente Kabila, que quer ficar no poder”, disse Christophe Lutundula, um membro da coligação da oposição conhecida como Reunificação. “Nós conhecemos o homem, os seus métodos e as suas estratégias”, acrescentou.
Joseph Kabila tomou o poder em 2001, após o assassínio do pai, Laurent Kabila. Na sua intervenção na ONU, no encontro anual dos líderes mundiais, em setembro, Kabila reiterou o seu compromisso de realizar eleições, mas não especificou a data. Quando o Conselho de Segurança da ONU debateu a RDCongo, hoje, o embaixador francês François Delattre disse que os Estados membros daquele órgão “aguardam uma rápida divulgação do calendário eleitoral”.
Delattre declarou igualmente que o acordo de 31 de dezembro de 2016 entre o Governo e a oposição da RDCongo, mediado pela Igreja Católica, tem sido “muito adiado, e o Conselho de Segurança tem repetidamente frisado a urgência que a RDCongo enfrenta”. O acordo de última hora apelava para que as eleições se realizassem até ao fim de 2017, embora alguns tenham desde o início expressado dúvidas sobre se esse calendário seria possível. A oposição sofreu um duro golpe pouco depois do acordo, quando o seu icónico líder, Etienne Tshisekedi, morreu na Bélgica, aparentemente de embolia pulmonar.